20 de Janeiro: “Só os grandes homens geram polémica como Amílcar Cabral” – Presidente da República
O Presidente da República declarou hoje que só os grandes homens geram polémica como Amílcar Cabral, apelando para que se celebre Cabral pela sua dimensão estratega por toda a sua obra ao serviço da Guiné e Cabo Verde.
No seu discurso durante o acto central comemorativo do Dia dos Heróis Nacionais, José Maria Neves afirmou que Cabral viveu o espírito da sua época mobilizando e empenhando-se de corpo e alma para que esses dois povos fossem livres e independentes.
O Presidente da República afirmou que a obra de Cabral felizmente suscita dúvidas, suscita polémica e abre possibilidades de discussão lembrando que hoje há estudos, teses e debates sobre o que Cabral escreveu e fez.
“Só os grandes homens geram polémica como Amílcar Cabral. Celebremos Cabral pela sua dimensão de homem político, pela sua dimensão de estratega, pelo seu pensamento, por toda a sua obra ao serviço da Guiné, de Cabo Verde, da África e do mundo”, argumentou.
A seu ver, comemorar Cabral e os heróis nacionais é lembrar aqueles que em momentos decisivos marcaram os destinos deste país, e expressar o direito à gratidão a todos aqueles que doaram a sua juventude ao desenvolvimento deste arquipélago.
“Não há hoje possibilidade de nenhum partido, de ninguém se apropriar da obra de Cabral porque Cabral é da dimensão do mundo, e é nessa perspectiva que devemos comemorar Cabral”, disse, sugerindo que todos devem proclamar por uma África de paz, de estabilidade, e uma África segura, atendendo aos vários desafios que o continente e o mundo enfrentam.
Por isso pediu aos líderes africanos que tenham a mesma generosidade, a mesma capacidade de entrega e o mesmo espírito daqueles que lutaram pela independência da África.
Por seu lado, o ex-combatente da Liberdade da Pátria, Pedro Pires, assegurou que as condições e as vantagens de que hoje os cabo-verdianos beneficiam enquanto nação e Estado soberano, isto é, a independência, a dignidade nacional, a soberania política e cultural e a responsabilidade ética e política de assumir a liderança deve-se essencialmente à contribuição visionária da geração de Amílcar Cabral.
“Nós não lutámos contra o português, o nosso inimigo era o colonialismo. Amílcar Cabral o nosso companheiro de luta era um espírito acima do normal, muito lúcido, inquieto e crítico, dotado de elevado sentido ético do compromisso”, considerou, para quem inquietava-o os esforços e os recursos que garantissem o perseguimento vitorioso da luta e a construção do seu sucesso.
Todavia, recomendou, restam por concretizar com êxito outros desígnios nacionais cujos resultados, frisou, dependerão em grande medida da forma como a nova geração assumir as suas responsabilidades políticas e éticas.
“E sobretudo se o fizerem inspiradas em idêntica firmeza e de carácter em igual vontade política de servir o país e as suas causas maiores”, observou.
Celebra-se hoje o 20 de Janeiro, Dia dos Heróis Nacionais, data que homenageia antigos combatentes da pátria e relembra a morte de Amílcar Cabral, considerado um dos líderes africanos mais carismáticos, influentes e figura de destaque no continente africano.
A 20 de Janeiro de 1973, o fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, actual Partido Africano da Independência de Cabo Verde – PAICV) Amílcar Cabral foi assassinado na Guiné-Conacri, a oito meses da declaração de forma unilateral da independência da Guiné-Bissau.
Este ano, assinala-se o 51º aniversário da morte do homem que marcou o rumo da história de Cabo Verde com a luta de libertação e que ficou reconhecido como o Pai da Nacionalidade Cabo-verdiana.