49 anos de Cabo Verde independente: 5 de Julho com pouco brilho, à espera do meio século
Cabo Verde assinala, esta sexta-feira, os 49 anos da sua independência nacional, proclamada a 05 de Julho de 1975, no Estádio da Várzea, depois de cinco séculos como colónia portuguesa. A data é comemorada no país com a tradicional Sessão Solene da Assembleia Nacional, enquanto o PM celebra o dia com a diáspora nos Estados Unidos da América.
A um ano de completar meio século como Estado livre e soberano, Cabo Verde assinala amanhã, os 49 anos da sua independência nacional, com um programa que pouco ou nada foge do previsível. No país, mais concretamente na cidade da Praia, está prevista uma sessão solene no Parlamento, desfiles, condecorações pelo Chefe de Estado, entre outros actos públicos e oficiais.
História
À semelhança de outras colónias africanas, este arquipélago tornou-se independente ao fim de vários anos de luta encetada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado por Amílcar Cabral, Aristides Pereira e outros dirigentes, em Bissau, no quadro de uma luta em comum.
Os termos da independência foram negociados pelo PAIGC e o Estado português, a partir de um acordo político rubricado em Dezembro de 1974, em Lisboa, ou seja, oito meses depois do derrube do regime salazarista, ocorrido a 25 de Abril desse mesmo ano. Na mesma altura, Moçambique (25 de Junho), São Tomé e Príncipe (12 de Agosto) e Angola (11 de Novembro) juntar-se-ia à Guiné-Bissau, cuja independência fora unilateralmente proclamada, também pelo PAIGC, em Setembro de 1973.
A independência nacional, realça uma nota da Assembleia Nacional, a propósito da efeméride de amanhã, permitiu a Cabo Verde desenvolver uma identidade nacional e cultural própria, implementar políticas económicas adaptadas às suas necessidades e potencialidades, bem como realizar investimentos significativos nos sectores de educação e saúde, promovendo o crescimento económico e a melhoria da qualidade de vida da população.
Por isso, se assumiu no preâmbulo da Constituição da República de 1992 que “a proclamação da Independência Nacional constituiu-se num dos momentos mais altos da História da Nação Cabo-verdiana. Factor de identidade e revitalização da nossa condição de povo, sujeito às mesmas vicissitudes do destino, mas comungando da tenaz esperança de criar nestas ilhas as condições de uma existência digna para todos os seus filhos”.
PM celebra com a diáspora nos EUA
O primeiro-ministro, que se encontra nos Estados Unidos da América, vai comemorar a data ao lado da diáspora naquele país, num conjunto de actividades que terminam amanhã, 5 de Julho, no Boston City Hall.
O evento principal foi uma gala no dia 3 de Julho, onde foram condecorados cidadãos cabo-verdianos e instituições que se destacaram nas suas áreas de actuação nos EUA, como reconhecimento da sua contribuição ao desenvolvimento de Cabo Verde.
Ulisses Correia e Silva teve ainda presença marcada em outros eventos, entre os quais o “Cabo Verde Investment Forum 2024 Boston (CVIF2024 Boston), que teve lugar na terça-feira. Organizado pela Cabo Verde TradeInvest (CVTI), o evento reuniu parceiros internacionais, decisores, empreendedores e executivos para promover investimentos em Cabo Verde.
Seguiu-se ainda a Gala Mérito “40 under forty” e o “Cabo Verde Independence Festival”, ambos organizados pela Associação Cabo-verdiana de Boston, e que culminam, amanhã também, com uma cerimónia de raising flag, em frente ao City Hall, celebrando o 49º aniversário da Independência de Cabo Verde.
Para o chefe do Governo, os 49 anos de Independência nacional simbolizam o resultado do esforço e da luta de várias gerações, é uma oportunidade para refletir sobre os progressos alcançados em condições muitas vezes desafiantes.
“A celebração da Independência é um apelo à união, solidariedade, trabalho e confiança na construção de um Cabo Verde mais desenvolvido, aspiração de todos os cabo-verdianos”, referiu.
Cultura assinala 49 anos da Independência
Exposições, lançamento de livros, concertos musicais, no país e na diáspora, ajudam a celebrar os 49 anos da independência de Cabo Verde. Quer o Presidente da República, quer o Primeiro-ministro vão condecorar várias personalidades e entidades que ao longo destes anos ajudaram o desenvolvimento da cultura cabo-verdiana.
Assim, no caso do PR, o músico e compositor Manuel d’ Novas, autor de várias composições alusivas à independência nacional, é uma das personalidades distinguidas, no seu caso, com a Medalha Amílcar Cabral. Também Alcides Brito, Daniel Rendall, os grupos Koguiamo (teatro), os Kings e Os Tubarões, na música, fazem parte da lista dos condecorados de José Maria Neves.
No Mindelo, foi inaugurado na terça-feira, 2, a exposição “As portas da Macaronésia”, no Centro Nacional de Arte e Artesanato e Desenho (CNAD). Esta amostra propõe uma viagem visual e histórica pela região da Macaronésia (Açores, Madeira, Cabo Verde e Canárias) através do seu legado fotográfico sobre as infraestruturas comuns como portos e aeroportos, portas de entrada e de saída desses arquipélagos.
Em São Filipe, ilha do Fogo, o 5 de Julho vai ser celebrado com um “desfile cívico” para incutir o espírito de cidadania e de pertença à pátria nos munícipes. Um evento que marca também o início da “Semana da Cidade” e que decorre de 05 a 12 de Julho, com a participação de jovens escuteiros, desbravadores, juventude nazarena, associações desportivas, escolas, jardins infantis, Polícia Nacional, empresas, entre outros.
Na mesma ilha, desta vez nos Mosteiros, o Dia da Independência Nacional será celebrado na comunidade de Atalaia, zona norte do município, com um conjunto de actividades culturais e desportivas como torneio de futsal nas categorias de sub-12 e sub-15 e provas de atletismo.
Fora do país, mais concretamente em Lisboa, no âmbito das mesmas celebrações, é apresentado na Associação Caboverdiana, o livro “Amílcar Cabral e o Fim Do Império – Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde”, do português António Duarte Silva (ver página xxx).
Nos EUA, o primeiro-ministro participa em várias actividades políticas, culturais e recreativas, tendo o 5 de Julho como pano de fundo. Ulisses Correia e Silva procederá, igualmente, à condecoração de várias entidades pelo seu trabalho em prol de Cabo Verde e dos cabo-verdianos.