5 de Julho: MpD destaca independência como conquista do povo cabo-verdiano e não de grupo específicos
O líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD), Paulo Veiga, enfatizou hoje a importância da independência como uma conquista do povo caboverdiano, destacando os esforços contínuos para fortalecer a democracia no país.
Paulo Veiga iniciou seu discurso na sessão solene de comemoração dos 48 anos da Independência de Cabo Verde ressaltando que a independência não foi um presente, mas sim uma aspiração e uma vitória conquistada pelo povo de Cabo Verde ao longo de uma caminhada secular em busca do desenvolvimento, da democracia e da liberdade e reconheceu o papel fundamental de várias gerações de caboverdianos anónimos, poetas, escritores, jornalistas, políticos e intelectuais na construção do sonho da independência.
Este líder parlamentar mencionou nomes como Eugénio Tavares, Pedro Cardoso, José Lopes, Amílcar Cabral, Baltazar Lopes da Silva, Leitão da Graça e Teixeira de Sousa, entre outros, que deixaram sua marca na história caboverdiana e contribuíram para que o sonho da independência se tornasse realidade.
“Não podemos continuar a permitir que partidos políticos se apropriem de emblemas nacionais para justificar uma legitimidade histórica que não possuem. É uma exigência de respeito desses símbolos e de garantia de pluralismo. Apesar de só ter nascido em 1975, orgulho-me de que muitos valorosos militantes do meu partido tivessem estado nas fileiras da luta pela independência de Cabo Verde e, mais tarde, na luta pelas liberdades civis”, defendeu.
Veiga enfatizou que a independência de Cabo Verde foi um momento de germinação das sementes lançadas ao longo da história, que brotaram e se concretizaram com morabeza, lágrimas, saudade, suor, morna e poesia. A data de 5 de Julho de 1975 marcou esse marco histórico na jornada do país em direção à independência.
Além disso, Paulo Veiga abordou a importância de fortalecer a democracia e enfrentar as ameaças do populismo e do autoritarismo, enfatizando que a insatisfação dos cidadãos com o funcionamento do sistema democrático tem impulsionado a ascensão do populismo em várias partes do mundo, incluindo Europa, Américas e África.
Prosseguindo, destacou a necessidade de promover uma maior participação popular e estabelecer instituições sólidas que garantam a transparência e governança para o bem comum.
Paulo Veiga elogiou o governo liderado por Ulisses Correia e Silva por suas reformas em instituições reguladoras e fiscalizadoras, buscando promover a transparência governamental e combater a corrupção.
Segundo Paulo Veiga, o objetivo é tornar a administração pública isenta, imparcial e independente de influências partidárias, o que posicionaria Cabo Verde como um país pioneiro e mais competitivo na escala global.
“Há alguns sinais de populismo entre nós. Hoje, a noção de que ser democrático é saber conviver com todas as ideias e que todos os eleitos merecem o mesmo respeito está fundamentalmente errado: há propostas e atitudes políticas que vão contra a declaração universal dos direitos humanos e não é o facto de haver quem nelas vote que as torna aceitáveis” alertou.
Este líder parlamentar também expressou preocupação com o surgimento de “notícias falsas” e a “perda de credibilidade” dos meios de comunicação tradicionais, destacando a importância de defender os meios de comunicação como o quarto poder, capazes de seguir regras e deontologia e de comparar fontes alternativas.
Paulo Veiga citou ainda o filósofo Karl Popper, enfatizando que a política e a ciência são processos contínuos de busca, e não descobertas ou chegadas finais e destacando que a democracia exige o combate a ideias que vão contra os princípios dos direitos humanos, e que os debates políticos devem ser conduzidos com ação, respeito mútuo e pelo voto legítimo do povo.