A história ameaça repetir-se, mas com que nuances?
Em 1993, Cabo Verde foi estrondosamente despertado por denúncias sobre gastos faroónicos e desmandos na embaixada de Cabo Verde em Lisboa, sob comando de um apodado ‘Embaixador Estrela’.
Daniel Benoni Rezende Costa era inspector-geral no Ministério de Negócios Estrangeiros e, após celebérrimas disputas entre clarificar e abafar o escândalo, ele foi nomeado para realizar uma inspeção à embaixada. Foi um Deus me acuda quando o relatório foi produzido, entre tentativas de silenciar e amedrontar o inspector, tricas entre o então governo do MPD e a Oposição e arrebentamento de vernizes em todo o lado, mesmo no seio do partido do governo. Em 2022/2023, vinte anos depois, os alegados desmandos associados ao Fundo do Turismo e do Fundo do Ambiente ameaçam extravasar aquilo que Daniel Benoni tão bem descreveu, preto no branco, nos livros "Escândalo e Bênção" e "Os Clarins da Perseguição e Corrupção". Aconselharia vivamente a leitura/releitura desses dois livros numa altura em que sociedade cabo-verdiana assiste, com estranheza, mais uma tentativa de esconder e mascarar abusos perpetrados na máquina do Estado de Cabo Verde. O exemplo de Daniel Benoni mantém-se vivo e presente na memória da nação.
