A Inauguração do mapeamento e sinalização dos caminhos vicinais da Brava, um sonho distante da realidade
Recentemente, a Câmara Municipal da Brava celebrou a inauguração de um mapeamento e sinalização dos caminhos vicinais da ilha, um evento que parecia mais uma apresentação de propostas folclóricas do que uma resposta eficaz às necessidades reais da comunidade. Enquanto a intenção de promover o turismo e a acessibilidade é louvável, a execução do projecto levanta questões sobre a prioridade e o foco da administração local.
Os caminhos vicinais da Brava, que deveriam ser o destaque do novo projeto, apresentam um cenário desolador. Com a maioria dos trilhos em estado de abandono — cobertos de vegetação, com paredes em ruínas, pedras soltas e uma desordem que torna difícil a navegação — a realidade está distante do ideal que a Câmara Municipal parece almejar. A falta de manutenção e o descaso são evidentes, e a sinalização proposta, embora simbólica, não aborda as reais condições dos caminhos.
Esse contraste entre a açcão simbólica da Câmara e a necessidade urgente de intervenções estruturais revela um tipo de gestão que parece mais preocupada com a aparência do que com a substância. Em vez de um investimento significativo na recuperação e manutenção dos caminhos, assistimos a uma festa de inauguração que, embora possa ter atraído olhares e sorrisos, não oferece soluções concretas para os desafios enfrentados pelos moradores e visitantes da Brava.
Além disso, essa abordagem destaca um problema recorrente na administração pública: o foco em obras cosméticas que promovem uma imagem positiva, mas que não impactam efectivamente a vida da população. Ao investir em iniciativas que apenas embelezam o espaço, mas não oferecem melhorias reais na infraestrutura, a Câmara Municipal parece ignorar o que realmente importa.
O mapeamento e sinalização dos caminhos vicinais poderiam ser um grande passo em direcção à valorização do patrimônio natural e cultural da Brava, mas, sem uma base sólida de manutenção e cuidado, correm o risco de se tornarem apenas mais uma tentativa falha de dar um ar de modernidade a uma realidade que clama por acção efetiva.
A Câmara Municipal da Brava precisa refletir sobre as suas prioridades e a forma como aborda os projectos destinados a melhorar a qualidade de vida da sua população. Em vez de se deixar levar por uma onda de superficialidade e folclore, é fundamental que a administração se comprometa com acções práticas que transformem os caminhos da ilha em verdadeiros corredores de acesso, respeitando e valorizando a natureza que os rodeia. Afinal, é na realidade que se deve construir o futuro, não apenas em sonhos e promessas.