Anildo Andrade, Presidente do No Pintcha, em entrevista ao podcast Desporto Brava fez uma radiografia dos problemas do Futebol na Ilha Brava
Cidade de Nova Sintra, 29 de Dezembro de 2024 (Bravanews) - Em uma entrevista recente ao Podcast Desporto Brava, o presidente do No Pintcha, Anildo Andrade, fez uma análise profunda dos desafios que o futebol federado enfrenta na ilha Brava. Durante a conversa, Andrade abordou questões estruturais e culturais que, segundo ele, estão a impedir o progresso do desporto na região.
Andrade começou por destacar o desinteresse e a falta de apoio das pessoas da Brava, afirmando que, embora muitos exigem o desenvolvimento do desporto, poucos estão dispostos a contribuir para essa causa. Segundo ele, existe uma desconexão entre as críticas feitas à falta de progresso no futebol e a ausência de acções concretas para melhorar a situação.
“É triste ver como, antigamente, tínhamos grandes jogadores, grandes dirigentes e grandes adeptos que eram apaixonados pelos clubes, mas hoje essa paixão parece ter desaparecido. Não há mais o mesmo interesse. As pessoas não se envolvem no desporto como antes, e isso é algo que está a afectar diretamente a evolução do futebol na Brava”, lamentou Andrade.
Outro ponto crucial abordado pelo presidente do No Pintcha foi a desmotivação que impera entre os jovens jogadores da ilha. Para Andrade, a falta de recursos é uma das principais razões pelas quais o futebol não avança como deveria. “Temos poucos recursos financeiros e materiais, e isso afeta a qualidade do futebol. Mas o que mais me preocupa é a falta de interesse dos próprios jovens. Não há mais aquela paixão pelo futebol que existia antigamente”, afirmou.
Além da escassez de recursos e da desmotivação, Andrade também mencionou uma mudança significativa na abordagem dos jovens em relação ao futebol. Segundo ele, muitos dos novos talentos que surgem na ilha já começam a sua carreira com uma exigência de pagamento para jogar, algo que ele vê como um reflexo de uma transformação no próprio conceito de desporto na comunidade.
“Nos dias de hoje, qualquer jovem que comece a sua carreira no futebol já quer dinheiro para jogar. Isso é algo novo e que tem mudado muito a dinâmica do desporto. Antes, os jovens jogavam por amor ao clube, à camisola, mas agora o foco está em aspectos financeiros. Isso afecta a motivação e o compromisso dos atletas”, explicou.
Além disso, o presidente do No Pintcha frisou a importância de uma mudança de mentalidade, tanto nas pessoas quanto nas autoridades e instituições locais. Para Andrade, o futebol na Brava não vai evoluir sem a mobilização da comunidade. “O apoio à formação de jogadores, a criação de condições para a prática desportiva e o envolvimento da população são fundamentais. Não podemos continuar a esperar que o desenvolvimento aconteça sem esforço colectivo”, reforçou.
Apesar do cenário desolador que descreveu, Andrade não se mostrou totalmente pessimista. Ele acredita que, com mais união e compromisso de todos os envolvidos, o futebol na Brava pode voltar a ter o destaque que merece. Contudo, ele reforçou que este processo requer uma transformação na forma como a comunidade enxerga o desporto e se envolve com ele.
Por fim, a entrevista de Anildo Andrade ao Podcast Desporto Brava serviu como um alerta para a necessidade de uma mudança urgente na abordagem ao futebol na ilha Brava. A falta de apoio, a desmotivação e a transformação no comportamento dos jovens jogadores são problemas que precisam ser enfrentados com ações concretas para que o futebol federado na Brava possa novamente florescer e ter o sucesso que já teve no passado.