As "piores" ilhas de Cabo Verde? Brava e Maio
[b]Santa Maria - 10 de Agosto[/b] - Foi escolhido um título muito "duro" para não dizer mesmo "violento" só para chamar a atenção acerca das condições de grande frustração dos cidadãos que se encontram a viver nas ilhas de Brava e do Maio.
Provavelmente as duas ilhas são as "Cinderelas" do arquipélago tendo em conta as potencialidades que cada uma deles dispõem em todas as áreas económicas e sociais, relacionadas com as situações de falta que se encontra em curso.
Então, ao contrário de quanto dizemos no título, ambas não são minimamente as "piores" ilhas do País sendo que cada uma tem condições para crescer de forma ilimitada.
Brava, distingue-se sem dúvida nenhuma por ser uma das ilhas mais "originais" do País tendo em conta a tipologia única da sua natureza e das características orográficas do seu território.
É muito pequena mas cheia de verde, flores e lindas mulheres, não tem grandes praias mas cheia de bons pescadores, é muito rica de grandes potenciais mas na mesma hora é bastante desapontada e insatisfeita.
Quais são as razões para a sua frustração?
Não poder aproveitar das suas belezas e originalidade para beneficiar de um adequado retorno nas áreas económicas e sociais.
Transportes insuficientes, falta de infraestruturas adequadas e carências logísticas são as principais causas de muita falta que afligem os cerca de seis mil habitantes dessa terra.
Ao contrário, se tivesse ligações frequentes com as outras ilhas, estruturas sanitárias satisfatórias, um específico plano orgânico de desenvolvimento, baseado em dar visibilidade às oportunidades de negócio, os operadores económicos, e em especial aqueles do setor do turismo, teriam interesse em garantir compromissos e acreditar neste território para investir.
Também a ilha do Maio com as suas praias de areia branca, com um mar azul e incontaminado, uma paisagem desértica mas fascinante e uma povoação hospitaleira e genuína mereceria muito mais.
A ilha tem ainda natureza primitiva mas infelizmente é primitiva também a nível de serviços e infraestruturas.
Tem graves carências nos setores da saúde e dos transportes e na área do turismo consegue expressar somente em mínima parte todo o seu gigantesco potencial de crescimento.
Como no caso da Ilha de Brava, também no Maio a falta de visão e intervenções visadas a favorecer o desenvolvimento do sector do turismo favoreceria o melhoramento das condições sociais e de vida dos seus cidadãos.
Além de Brava e Maio também as ilhas de São Nicolau e Fogo reclamam de merecer mais ajuda, visibilidade e sorte do que já têm.
Infelizmente o País além de ser dividido em áreas geográficas de Barlavento e Sotavento tem mais uma marcada divisão na área sócio económica ou seja, entre ilhas "favorecidas" e "desfavorecidas".
O que deixa frustrados quem faz parte do segundo grupo é saber que não têm grande voz junto dos governantes nem grande esperança que a situação possa mudar em breve.
A sorte e visibilidade das ilhas que têm grande potencial de crescimento mas pouco peso em relação ao número dos votos que podem oferecer aos políticos deve, de qualquer forma, ser estimulada autonomamente pelos próprios cidadãos, que deverão reagir de forma organizada, planejando projetos originais até que possam ser de interesse sobretudo pela disponibilidade e pelos investidores estrangeiros.
As "piores ilhas" em termos de condições de vida e de infraestruturas têm todas as potencialidades para não serem mais as "Cinderelas" do País.
Basta ser ciente que quando não chega a ajuda do poder central, devem ser os cidadãos a ajudar a política a compreender quanto é errada a sua falta de visão.
O tempo irá demostrar isto.
[b]O Editorial (Ocean Press)
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