Baleia/Brava: Uma aldeia esquecida e parada no tempo
No interior do Centro Oriental da encravada ilha Brava, encontramos a icônica, porém esquecida aldeia da Baleia. Com casas em pedra basáltica, Baleia se encontra situada numa encosta, tendo Mato Grande e Garça, como aldeias vizinhas.
No interior do Centro Oriental da encravada ilha Brava, encontramos a icônica, porém esquecida aldeia da Baleia. Com casas em pedra basáltica, Baleia se encontra situada numa encosta, tendo Mato Grande e Garça, como aldeias vizinhas.
Sem estrada de acesso e com uma população pobre, vivendo da agricultura e criação de gado, Baleia foi relegada ao descaso por sucessivos entes, municipais e nacionais.
Enganada com muitas promessas, que vão desde a construção de estrada de acesso, passando por um jardim infantil construído de raiz, emprego e formação para jovens, a população de 48 almas se mostra descrente e muito desanimada.
Contactados, moradores mostraram duvidosos com a possibilidade da localidade sofrer mudanças profundas no seu curso de desenvolvimento e disseram cansadas de tanto pedir e reivindicar algo que nunca foi e nem será realizado.
Baleia esconde grandes potencialidades, pouco notado por aqueles a quem competia criar caminhos para o seu desenvolvimento e, hoje, fruto de descaso, desinvestimento e falta de vontade política, a localidade está condenada a albergar algumas crianças, poucos jovens e uma mão cheia de idosos, que contam com nostalgia, quando baleia “era Baleia”.
Rica em tradições seculares e paisagens deslumbrantes, esta aldeia sugere a riqueza de um património magnificamente representado pelos seus calorosos habitantes. Hoje, o silêncio invade o espaço, outrora ocupado por épicas festas, grandes bailes populares, que demonstravam a pujança, a jovialidade e a “sabura” de Baleia.
Antes uma localidade onde se usufruia de finais de semanas movimentadas, ponto de encontro de pessoas de várias localidades e cenário perfeito para uma pausa na rotina do dia a dia e recarregar baterias, hoje Baleia convive com um silêncio ensurdecedor, onde as poucas pessoas que restam, clamam por mais atenção.
Baleia, infelizmente, segue a rota do despovoamento, matando de vez as esperanças das pessoas em novos investimentos. A estrada ficou pelo sonho e a aposta na criação de animais e agricultura, morreu à nascença. Baleia onde Eugénio Tavares parava nas suas muitas viagens para Praia D’Agua…. Baleia de Nho Neto…. Baleia de Nha Diminga, Baleia de Nha Rosa, Nho Digar… Baleia de Djedje de Analia, Nha Belmira e Nha Mey, Baleia de Nho Garcia…. Zé Carlos, Joel… ficou no passado, onde o presente tenta procurar forças, numa luta inglória de manter a fé em dias melhores.
Embora os políticos alegam que Baleia sofreu grandes avanços nos últimos anos, fruto de investimentos na educação, formação, desporto, agricultura e criação de animais, os residentes, aqueles que convivem diariamente com os desafios, dizem não conseguirem ver os impactos reais na vida das pessoas.
Resta dizer que, das quatro dezenas de almas que enfrentam as dificuldades diurnas de uma localidade que caminha a passos largos para despovoamento, quantos restarao daqui a uma década? Só o futuro nos poderá elucidar.