Bióloga diz acreditar que este é o momento de analisar proposta de criação de área protegida na Brava
A bióloga cofundadora da ONG Lantuna disse hoje que este parece ser o momento certo para analisar a proposta de criação de uma área protegida na ilha Brava, mesmo por uma questão de igualdade em matéria de conservação.
Ana Veiga fez estas declarações em entrevista à Inforpress, após uma conversa com os jornalistas dos mídias beneficiários do projecto Terra África, onde falava das áreas protegidas no território nacional e assinalou a questão de somente a ilha Brava não possuir nenhuma área protegida até este momento.
Segundo a antiga técnica da Direcção Nacional do Ambiente, Cabo Verde tem 47 áreas protegidas que fazem parte da rede nacional, destacando que há ilhéus protegidos e em todas as ilhas existem áreas protegidas, com a excepção da Brava que ainda não tem nenhuma.
Entretanto, evidenciou que já existem algumas iniciativas por parte das ONG locais que já fizeram alguns estudos e já há uma informação de base que poderá servir para a elaboração de uma proposta para a criação de áreas protegidas na ilha.
Questionada sobre os passos que são necessários para isso, explicou que caso já existam estes estudos, será feita uma proposta que será submetida à autoridade ambiental, ou seja, a Direcção Nacional do Ambiente, que vai avaliar a mesma e, se estiver de acordo, poderá dar seguimento a esta proposta encaminhando-a para o ministro de tutela que depois irá enviá-la ao Conselho de Ministros para discussão e posterior aprovação.
“Este é o momento, porque como todos sabem há cada vez mais pressão sobre os recursos naturais. A Brava é uma ilha pequena mas tem também os seus endemismos e, embora tenha uma população pequena, possui alguma pressão”, defendeu, reforçando que este é o “momento-chave” para a criação desta área na Brava, mesmo por uma questão de igualdade.
A esta ambientalista reconheceu que a ilha possui potencial, portanto, “merece também fazer parte da rede nacional das áreas protegidas”.
Já na questão da meta, que é de atingir 30 por cento (%) da protecção dos ecossistemas marinhos e 30% dos ecossistemas terrestres, incluindo 10% de protecção total, até 2030 a nível mundial, realçou que Cabo Verde, mesmo sendo um território pequeno dá o seu contributo e se houver áreas marinhas próximas à Brava ou a qualquer outro ponto do arquipélago, sublinhou que Cabo Verde também está lá a contribuir para o alcance desta meta até 2030.
E nesta senda, defendeu que é necessário um “djunta-mon” (parceria) para a divulgação das áreas protegidas e o incentivo à criação das mesmas, para que haja uma conservação eficiente destas áreas, justificando que não basta apenas criá-las.
“É necessário ter uma gestão eficiente e os jornalistas têm um grande papel em divulgar os recursos naturais, a riqueza da biodiversidade cabo-verdiana e contribuir para que haja uma disseminação da informação para as comunidades e para apelar à conservação dos recursos naturais”, finalizou.
Em Fevereiro de 2022, as Organizações não Governamentais e instituições ligadas à protecção e conservação do ambiente, sediadas na Brava, realizaram um workshop e anunciaram a intenção de elaborar uma proposta e apresentá-la ao Governo para a criação de áreas protegidas na ilha.
Nessa altura, os participantes avançaram que, dos estudos realizados tanto pela Biflores como pelo Projecto Vitó, foi indicada a bacia hidrográfica de Fajã d´Água como “muito importante” para as espécies endémicas terrestres e também há a parte marinha que vai desde a baía de Sorno até Tantum.