Brava: Agricultores de Tomé Barras pedem urgência nas medidas de resposta à seca

Os agricultores da zona agrícola de Tomé Barras (Nossa Senhora do Monte) pedem ao Governo para agilizar a implementação das medidas para mitigar os efeitos do mau ano agrícola, visando acautelar males maiores como a morte do gado.

Nov 21, 2017 - 16:25
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Brava: Agricultores de Tomé Barras pedem urgência nas medidas de resposta à seca

Os agricultores da zona agrícola de Tomé Barras (Nossa Senhora do Monte) pedem ao Governo para agilizar a implementação das medidas para mitigar os efeitos do mau ano agrícola, visando acautelar males maiores como a morte do gado.

“Os efeitos da seca já se fazem sentir nesta localidade e o ano agrícola é dos piores dos últimos tempos. O desânimo já é visível no seio dos agricultores e criadores de gado”, anotam os camponeses José António e Antonino Gonçalves, que clamam por uma “mão de Deus” para salvar o pouco que ainda resta.

Esta preocupação é também corroborada pelo presidente da Associação Força de União de Nossa Senhora de Monte, sediada em Tomé Barras, que, por causa da seca, tenta buscar o ganha-pão na sua tradicional sapataria e nos trabalhos de pintura.

João da Graça Furtado atesta que a produção agrícola para o consumo do milho e diferentes variedades de feijões está “completamente perdida” e resta apenas alguma esperança em relação à produção de pasto para alimárias nos próximos dois meses.

De olhos para o céu, mostra-se esperançado em como a vinda de algumas gotas de água nos próximos dias, numa ilha com clima ameno e propício para a agricultura, poderá ainda ajudar na recuperação de algum pasto, pelo que faz questão de alertar o Governo para a “necessidade urgente” de implementar no terreno as medidas anunciadas para contornar os efeitos desta seca.

“Estamos numa zona agrícola tradicionalmente produtiva. No 1º de Novembro comemos um poucochinho de milho, mas foi fraco e muito triste”, enfatiza este líder comunitário, que se mostra apreensivo com os criadores de gado que “já começam a perder sono, só de pensar em pastos para as suas crias”.

João Furtado revela que na falta de pasto, os criadores terão de buscar alternativa na compra de ração, mas alerta que se trata de uma opção que ficará “muito cara e insuportável” para os bolsos dos homens do campo.

A este propósito, considera que já é tempo de o executivo pôr em marcha o seu plano anunciado, sobretudo para salvar o pouco que ainda resta, “sob pena destas medidas chegarem tardiamente aos que mais precisam”.

É de opinião que os gados, sobretudo bovino, caprino e mesmo o suíno, já padecem de “comedorias” para a sua dieta alimentar e que a medida para pôr cobro a esta “triste situação” já tarda a sair do papel.

João Furtado entende que este é o “momento oportuno” para o Governo investir na abertura de postos de trabalho, alegando que em Tomé Barras esta preocupação já é bem grande, essencialmente junto dos jovens que “buscam o ganha pão com candeeiros em mãos”.

Por isso, é de opinião que urge encontrar uma solução atempada dos problemas advenientes de um ano marcado pela seca, argumentando que para a um criador é mais importante salvar o seu animal do que receber bónus para enterrá-lo, já que para uma parte significativa desta gente, toda a vida vem do campo.

A Associação Força de União de Nossa Senhora de Monte, criada há 11 anos, por um grupo de amigos, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento da freguesia, segundo o seu líder, clama por um maior envolvimento dos moradores, sobretudo os mais jovens.

Único membro fundador residente, já que a grande maioria emigrou para os Estados Unidos, Graça Furtado afirma que esta associação tem o seu modesto contributo para o desenvolvimento da localidade, porquanto tem ajudado muitos residentes a beneficiar de água canalizada, electricidade e construção de casas de banho.

Salienta ainda que alguns moradores beneficiaram de projectos profissionais, nomeadamente para o fabrico de sapatos, ainda que a ilha se ressente da falta de matéria-prima, como pele, para a confecção de calçados.

Afora isto, a Associação, segundo o seu presidente, tem realizado um “trabalho notável”, uma vez que participa, com alguma regularidade, nos trabalhos comunitários como a limpeza das escolas e do cemitério.

SR/CP

Inforpress/Fim