Brava: Agricultores preocupados com pragas emergentes e preço da mão-de-obra que estão a condicionar sementeiras

Os agricultores, que costumam praticar a agricultura de sequeiro, manifestaram-se hoje preocupados com as pragas emergentes, galinha-do-mato e macacos, mas também com o preço da mão-de-obra que têm condicionado as sementeiras.

Jul 21, 2023 - 05:22
Jul 21, 2023 - 05:24
 0  151
Brava: Agricultores preocupados com pragas emergentes e preço da mão-de-obra que estão a condicionar sementeiras

Com o aproximar da época das chuvas e com alguns sinais que a natureza tem dado, nomeadamente, a queda de alguns chuviscos, é visível por todos os cantos da ilha pessoas a fazerem as suas sementeiras, embora, haja localidades que estão condicionadas e que são obrigadas a aguardar que o chão fique completamente molhado para “tentar escapar” a sementeira da infestação de galinhas-do-mato.

Em quase todas as zonas os agricultores estão preocupados com a “luta” que têm pela frente com a grande quantidade de galinhas-do-mato que infestam a ilha, conforme contou Ildo Rodrigues, agricultor, residente na localidade de Braga, que avançou que nessa comunidade estão a pensar seriamente se vale a pena ou não semear, porque já prevêem de antemão que esta praga nem vai deixar os milhos nascerem.

Segundo este agricultor, a zona é pobre, os trabalhadores estão a cobrar 2.000$00 cada dia de trabalho, as sementes estão a ser vendidas por 1.000$00 cada litro, o que não compensa, pois, a galinha-do-mato não vai deixar as sementes nascerem e nem se desenvolver.

Mas, não é somente na localidade de Braga que os agricultores ou as famílias que praticam a agricultura de sequeiro estão preocupados com o andar e o futuro do ano agrícola, pois, mesmo que dentro de Nova Sintra não haja galinhas-do-mato, há dificuldades em relação a mão-de-obra e Henrique Senna, agricultor, disse estar a enfrentar dificuldades para encontrar trabalhadores, revelando que, mesmo estando a cobrar um preço elevado, não há pessoas disponíveis para fazer tal trabalho.

Mas deixou claro que não é porque há trabalho para todos em outras áreas, mas sim que “os jovens já não querem trabalhos duros que exigem muito esforço”, e esta falta de mão-de-obra acoplada com o preço, segundo a mesma fonte vai levar com que mais terrenos fiquem abandonados este ano.

Igualmente, para a freguesia de Nossa Senhora do Monte o cenário não é diferente conforme contou Carlos Bango, mas só que além das situações descritas pelos colegas, este ainda acrescentou a praga dos macacos, realçando que caso esperarem as chuvas para semear e assim tentar escapar algum grão de milho ou feijão da galinha-do-mato, temem que as plantações sejam danificadas mais adiante pelos macacos.

Sendo assim, acrescentou que estão ainda a colocar na balança se vale a pena ou não semear, “fazer um grande investimento e depois não ter nenhum rendimento devido às pragas emergentes”.

Bango disse estar confiante de que os sinais que a natureza está a dar, apontam para um ano melhor do que os outros anteriores, mas as pragas emergentes estão a condicionar todos os possíveis esforços que os agricultores poderiam fazer mesmo com a mão-de-obra a um preço elevado e o preço das sementes, porque “de nada vale investir quando há quase certeza de que factores, que vão além das suas capacidades, condicionam a produção e o rendimento”.

Entretanto, pede àqueles que têm condições e que não estão a ser atacados pelas pragas emergentes para não se desmoralizarem, pois, “os sinais apontam para um ano bem melhor”.

Inforpress