Brava: Celebração da Nossa Senhora dos Navegantes origina de promessa feita por um sobrevivente de um naufrágio
A missa em honra a Nossa Senhora dos Navegantes na Furna, ilha Brava, celebra-se no primeiro domingo de Agosto com procissão e além de pescadores, costumam participar pessoas de diversas localidades da ilha.
A missa em honra a Nossa Senhora dos Navegantes na Furna, ilha Brava, celebra-se no primeiro domingo de Agosto com procissão e além de pescadores, costumam participar pessoas de diversas localidades da ilha.
João Varela, conhecido por Djonsa, homem vivido e com algum conhecimento desta tradição, contou à imprensa que este dia, surgiu de uma promessa que um senhor que estava viajando fez a esta santa.
Segundo Djonsa, o viajante sofreu um naufrágio e prometeu à Nossa Senhora dos Navegantes, que caso ela lhe colocasse em terra com vida, ele construiria uma capela.
E de facto, de acordo com a mesma fonte, ele conseguiu se salvar e ao chegar na Furna, construiu uma capela pequena, que ficou muitos anos aí.
Depois, contou que chegaram na ilha os padres Capuchinhos, que ampliaram esta capela e começaram esta tradição e a procissão no mar.
Com o tempo, passaram a tirar a santa da igreja por volta das nove horas da manhã do dia em que é celebrada a missa, fazem uma procissão até a praia de peixe, colocam a santa num bote que vão afundar na ponta de Cadjetinha.
“O bote fica afundado, por volta das três horas, chegam pessoas de todas as zonas da ilha, para acompanharem a Nossa Senhora na procissão e todos os botes de pesca, acompanham o bote que leva a santa, os padres e as pessoas que vão a rezar e a cantar”, contou Djonsa.
Segundo o mesmo, chamam este ritual de procissão na baia e depois de fazerem três ou quatro voltas, regressam ao cais e quatro rapazes, trajados de azul, tomam a santa, realizam a procissão do cais até a igreja, e chegados aí, o padre faz a celebração eucarística.
Logo após os rituais religiosos, realçou, há o ‘come e bebe’ servido a todos que estiverem na zona.
Entretanto, recordou e lamentou que antigamente era uma multidão “sem brincadeira”, mas que aos poucos, a tradição está se perdendo.
Até porque, salientou que vive nos Estados Unidos, mas todos os anos vem festejar esta festa e, a cada ano, reparou que a multidão está a ficar mais escassa.
E este ano em particular, houve ainda menos participação dos botes, tendo em conta o mau estado do mar e muitos não quiseram arriscar, colocando as suas embarcações no mar.
Segundo Djonsa, esta santa é uma santa de protecção e de socorro dos que vivem no mar, tanto é que, contou, os pescadores, quando estão no mar e acontece algo ou deparam com algum mau tempo, ambos colocam a mão para cima, rogando e pedindo a protecção da santa.
MC/ZS
Inforpress/Fim