Brava: Comunidade de Baleia clama por “maior e melhor” atenção por parte das entidades centrais e locais

A comunidade de Baleia, na ilha Brava, pede uma maior e melhor atenção por parte das entidades centrais e locais, no sentido de “reverter a situação de abandono” que, segundo dizem, se encontra a localidade.

Mar 21, 2023 - 03:43
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Brava: Comunidade de Baleia clama por “maior e melhor” atenção por parte das entidades centrais e locais

A comunidade de Baleia, na ilha Brava, pede uma maior e melhor atenção por parte das entidades centrais e locais, no sentido de “reverter a situação de abandono” que, segundo dizem, se encontra a localidade.

A Inforpress foi até esta comunidade, que fica a três quilómetros de Mato Grande, a localidade que possui ligação automóvel mais próxima desta zona.

Em declarações à imprensa, Irma Gomes, natural da Baleia e emigrante há 15 anos nos Estados Unidos, demonstrou a sua “insatisfação” com o que vem presenciando e vivendo nesta zona desde que se encontrava na ilha e mesmo agora que só vem de férias, “por amor à terra”.

Segundo a mesma fonte, sempre viveu nesta zona até que, 15 anos atrás, decidiu emigrar e procurar novos rumos, mas sempre que tiver oportunidade, regressa à Baleia pois esta é a sua terra certa.

Entretanto, desde sempre veio enfrentando as dificuldades que até hoje são as mesmas, embora com alguns agravos dada à situação que se vive nos dias de hoje em toda a parte.

“Problemas de água, iluminação pública, falta de estrada, falta de rede móvel, falta de emprego público, falta de atenção”, elencou esses pontos, questionando o porquê desta “falta de consideração” por parte do Governo e da Câmara Municipal da Brava, relembrando que todos são seres humanos e merecem um tratamento digno e igualitário.

Irma Gomes lamentou a situação da falta de estrada, ressaltando que tem um filho doente e por várias vezes, atravessou esta via altas horas da noite com ele ao colo, sem as mínimas condições, temendo que algo mais grave acontecesse até chegar à localidade de Mato Grande e conseguir um carro para levá-lo até ao hospital e 38 anos depois ainda se encontram na mesma situação.

Cláudia Costa, nasceu, criou-se e até já tem filhos maiores de 18 anos e, mesmo assim, relembrou de promessas feitas pelos políticos quanto à situação da estrada, começando por José Maria Neves, descrevendo que a única vez que este foi à localidade fez a promessa de construir a estrada, mas este “venceu as eleições legislativas, saiu do trono e a Baleia continuou da mesma forma”.

Já o presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, segundo esta moradora, se comprometeu a fazer o calcetamento da via vicinal, assim como a construção de uma praça na zona, intervenções para melhoria da iluminação pública e da rede móvel, reabilitação e melhorias no centro comunitário, mas até então não foi feito nada disso.

“Não há trabalho na zona, a câmara municipal abre frente de trabalho dois meses num ano, os outros meses temos de desenrascar”, indicou, sublinhando que na zona se vive da pesca, apesar de ficar distante do mar, mas também da agricultura de sequeiro e da criação de gado, que depende muito da situação das chuvas e há algumas famílias que têm a sorte de ter familiares emigrados que os apoiam com alguma coisa.

Sobre a questão da água, enfatizou que às vezes passam mais de mês sem ver uma gota de água nas torneiras e o que lhes salva é uma senhora que possui uma cisterna e que divide a pouca água que armazena com todos da zona.

“Não precisamos de promessas sem fundamentos, porque somos coitados, mas doidos não”, defendeu, destacando que precisam de “uma nova visão” por parte do Governo e da câmara municipal, sem ser da época das campanhas eleitorais que só fazem promessas que não cumprem.

Outra moradora que também lamenta essa situação é Eugénia Pires que considerou que a falta de água nesta localidade já é uma situação “crítica e corriqueira”, pois por mais que reclamem a água não chega à localidade e isso está a tornar-se insustentável porque na zona há também crianças e animais, e não há como comprar carros de água para se abastecer porque estrada não há.

Para os moradores, só estão nessa zona por “teimosia” e na esperança de que algum dia essa situação possa melhorar, embora a cada dia que passa isso só esteja a voltar mais difícil.