BRAVA: Debate entre Francisco Tavares (MPD) e Clóvis Silva (Paicv).
Foi um debate equilibrado e ambos os candidatos tiveram um bom desempenho e esgrimiram bons argumentos. Afinal, na minha opinião, tanto o Clóvis Silva como o Francisco Tavares são bons quadros e políticos com talentos.
Foi um debate equilibrado e ambos os candidatos tiveram um bom desempenho e esgrimiram bons argumentos. Afinal, na minha opinião, tanto o Clóvis Silva como o Francisco Tavares são bons quadros e políticos com talentos.
Ao longo do debate houve momentos a destacar. Cada candidato apresentou a sua visão do desenvolvimento para a Brava.
Clóvis insistiu que a pesca deveria ser o sector de investimento prioritário, com a construção de uma fábrica do pescado, para exportar para os EUA.
Para o Francisco Tavares, não negando o papel da pesca, a prioridade deve ser o investimento na agricultura, com a introdução de projectos da dessalinização da água para a rega.
É evidente que a extensão da actividade agrícola na Brava abrange uma parte significativa da população e os seus rendimentos são incomparáveis com os de uma fábrica de pesca. Neste capítulo, são visões diferentes, em que acredito que os eleitores saberão avaliar com ponderação e sabedoria.
Destacamos da parte do Clóvis o uso de algum truque político no debate. Tentou usar o sector de saúde -que é da competência do Governo- para atacar o desempenho da Câmara da Brava. Utilizou o mesmo truque com o emprego e com a questão da pobreza, que são sectores, por natureza, da responsabilidade governamental e não das Câmaras Municipais.
Penso que o Clóvis fez isso para tentar livrar-se da responsabilidade dos 15 anos da governação do seu partido, que efectivamente deixou a Brava em situação considerado de pouco desenvolvimento.
A este propósito, Francisco Tavares retorquiu ao seu opositor:
se o senhor quer imputar os atrasos que refere à Câmara da Brava, o senhor estará enganado, porque pelo tempo da governação da Brava, o seu partido tem 75% dessa responsabilidade e o MPD só pode ter 25% dessa responsabilidade.
Houve momentos do debate em que o Clóvis Silva procurou ser um pouco mais agressivo e arrogante e tentou apresentar mais currículo e competência do que o Francisco Tavares, chegando mesmo a exibir a sua experiência como consultor das Nações Unidas (???).
Francisco Tavares, um político com os pés bem fincados no chão, muito mais pragmático do que o Clóvis, calmo e tranquilo durante todo o debate, com uma boa capacidade de argumentação, respondeu ao Clóvis “nós estamos aqui a debater a experiência e a capacidade para gerir a Câmara Municipal da Brava. O senhor diz que ama a Brava, mas reside em S. Filipe do Fogo; em vez de investir na Brava, fez três investimentos em S. Filipe do Fogo. Vive fora da Brava e nunca investiu na Brava, como é que pode afirmar que ama esta ilha?”.
“O senhor é um turista político na Brava”, disse o Francisco Tavares ao Clóvis.
Com esta resposta, para mim, com todo o respeito, o sentido do debate ficou definido.
Mas, Clóvis, inteligente como ele é, não deu por vencido e procurou retorquir e demonstrar os atrasos da Brava em vários sectores, designadamente na pecuária, na pesca, no desemprego e na pobreza, e deu o exemplo das pedras para a decoração dos passeios que foram importadas das outras ilhas, quando se devia fabricar na ilha.
A resposta do Francisco Tavares foi pronta e tranquila : “o senhor fala da autonomia da Brava, que a Câmara devia intervir mais, em vez de esperar pelo Governo, mas votou contra Regionalização, que daria maior recursos e condições para a Câmara da Brava (...)”. “E o senhor durante nove anos, nunca visitou a Câmara da Brava”.
O Clóvis retorquiu dizendo que sempre defendeu a Brava...
Nos outros temas, cada um dos candidatos tentou esgrimir os seus argumentos com a inteligência que os caracteriza. Foi um bom debate.
Não há dúvidas que o facto do Clóvis não residir na Brava e ter os seus investimentos no Fogo, penso que estes factos podem pesar muito na avaliação dos candidatos.
De todas as formas, as sondagens dão vitória com maioria absoluta a Francisco Tavares, ao MPD.