Brava: “É preciso pensar e reflectir na dimensão que a nossa sociedade hoje está perdendo, a ligação inter-geracional” – Padre Euclides Pires
O pároco da ilha Brava apelou os fiéis católicos presentes na celebração eucarística da festa da Santa Ana e de São Joaquim a terem um pouco mais de atenção no “altar da sabedoria que está sendo deixado pelos cantos”.
O pároco da ilha Brava apelou os fiéis católicos presentes na celebração eucarística da festa da Santa Ana e de São Joaquim a terem um pouco mais de atenção no “altar da sabedoria que está sendo deixado pelos cantos”.
“A festa celebrada hoje é a festa dos avós, para a comunidade católica, mas na Brava existe uma particularidade, pois envolve as comunidades, onde cada um tem a sua bandeira e celebra a festa na sua zona, o que acaba prolongando estas celebrações”, explicou o Padre Euclides Pires.
Da parte litúrgica, segundo o sacerdote, “o que podemos tirar deste dia é o aspecto que leva-nos a reflectir e a pensar sobretudo naquilo que a sociedade hoje está a perder, que é a ligação inter-geracional, em que as pessoas idosas praticamente são esquecidas”.
Na óptica do pároco, estas pessoas que estão quase que esquecidas têm muitas coisas para dar à nossa sociedade.
“Os nossos avós, as pessoas idosas, são o altar da sabedoria prática, que hoje os jovens não querem aceitar”, adiantou.
A comunidade presente na celebração eucarística ficou muito aquém da que vem participando nas actividades culturais e recreativas que estão sendo realizadas há mais de uma semana.
Mas, para o pároco, “isto já não é novidade”, sublinhando que “com dois anos nesta ilha tenho constatado isto em todas as grandes festas celebradas aqui”.
Além das celebrações eucarísticas, segundo o sacerdote, existe a outra parte que ele não denomina por parte “profana, mas sim festas, comes e bebes, que hoje, de uma forma particular, os festeiros que têm a bandeira, participam na missa com as suas bandeiras à frente do altar e depois regressam para continuar a festa, comida e bebida na sua localidade”, disse o pároco.
Antes da missa, como parte da tradição, houve o tradicional café na casa de Nha Santana, na localidade de Mato, e após a eucaristia, seguiu-se o ritual do tocar o tambor para acompanhar a bandeira até a casa do festeiro, seguido do almoço e no final da tarde terá o bote.
Bote, segundo os festeiros, é o mastro que é vestido com diversos produtos alimentícios, flores, que no final da tarde os participantes na festa vão pegar o que está no mastro.
As actividades culminarão amanhã com a entrega dos troféus e de uma homenagem que será feita aos donos da festa e no domingo será celebrada Nha Santana de Campo.
MC/JMV
Inforpress/fim