Brava: Empreendedorismo e a pro-actividade têm sido saída para driblar desemprego jovem
O empreendedorismo e a pro-actividade têm sido a saída para driblar o desemprego jovem para alguns que afirmam “ter a vontade de trabalhar” e que defendem que “qualquer trabalho é digno”.
O empreendedorismo e a pro-actividade têm sido a saída para driblar o desemprego jovem para alguns que afirmam “ter a vontade de trabalhar” e que defendem que “qualquer trabalho é digno”.
Muitos são os jovens que se apropriam das redes sociais ou mesmo comentários boca-a-boca de que não há oportunidades na Brava para os jovens ou que o Governo ou a Câmara Municipal da Brava não dão emprego aos jovens, mas existem aqueles que aproveitam as “pequenas” oportunidades que surgem para criar o auto-emprego e assim garantir o ganha-pão.
De entre vários casos, alguns quiseram contar as suas experiências, outras quiseram ficar somente no off, mas Elizabeth Gomes é um dos casos de “sucesso” na Brava na área do empreendedorismo. Ela conta que há 23 anos que trabalha com a venda de grelhados e produtos de pastelaria ambulante.
“É um trabalho cansativo e que exige muito sacrifício”, disse Elisabeth Gomes afirmando que não o abandona porque é o que lhe sustenta, com que criou os seus filhos e consegue adquirir tudo o que quer com o seu suor.
Conforme contou, este nunca tinha sido o seu sonho e nem sabia ou possuía nenhuma paixão para isso, mas a situação de vida levou-a a seguir estes caminhos e assim ter uma profissão digna.
Segundo Elizabeth Gomes, é um trabalho de que se orgulha e hoje nutre uma grande paixão por ela, até porque, já possui os seus clientes fixos, mesmo que não para somente num local, pois faz a sua venda ambulante.
Muitas vezes, de dia faz pastel, rissóis, filete e vende, logo ao início da tarde sai com o seu carrinho de bifana e a sua grelha para oferecer aos clientes batata frita, galinha, asa, perna, pincho grelhado e, com isso, garante o seu salário e sustento.
Reside em Nova Sintra, mas por amor ao seu trabalho, desloca a quase todas as localidades quando há movimento, porque é nessas actividades que consegue um rendimento melhor, mesmo que isso lhe custe o sono, porque acaba por amanhecer na rua, mas um ganho melhor e a satisfação dos clientes falam mais alto para esta empreendedora.
“Sinto-me triste quando escuto pessoas mais jovens a dizerem que a ilha não tem trabalho”, lamentou, justificando que os jovens não querem puxar pela cabeça, querem tudo de graça e trabalho que não exige esforço nenhum.
Mas, deixou claro que todo o trabalho é digno e todo o trabalho exige esforço, citando o ditado popular: “Deus diz, põe a mão e Eu te ajudo”, mostrando assim que qualquer iniciativa tem de partir, em primeiro lugar de cada um.
Questionada sobre as dificuldades que enfrenta para manter esse seu sustento, revelou que a única coisa que sabe é que é sua obrigação pagar a sua taxa de licença de 1.610 escudos na Câmara Municipal da Brava, trimestralmente, para garantir a sua circulação livre e venda sem sobressaltos, pois desde que tenha tudo pago e a sua saúde o resto corre atrás, se não conseguir vender num lugar fixo, sai andando pelas ruas e volta para casa vazio.
Dentro do quadro do empreendedorismo, encontramos também um jovem de 25 anos, que estudou até ao oitavo ano e depois estava a enveredar por caminhos “desviantes”, tendo sido até preso por oito meses, mas que depois a sua própria consciência lhe chamou a razão e decidiu dar novos rumos na sua vida.
De nome Briantino Gomes, residente em Nova Sintra, este jovem instalou um “car wash” e é neste local que todos os donos dos automóveis que querem dar um toque e um brilho diferente vão levar as suas viaturas, tendo em conta que é o único local onde se pode fazer isso.
Brandinho, como é conhecido por todos, contou que antes teve alguns trabalhos em minimercado, ou mesmo na lavagem de carros, mas com patrões, o que não lhe agradava muito.
Depois decidiu sair às ruas de Nova Sintra com um balde e um pano, lavando carros onde desse, mas ao mesmo tempo tinha uma moto, que lhe causava diversos problemas por não cumprir a lei e com o tempo decidiu vender a moto, viajou para a Cidade da Praia e regressou com a sua máquina.
Regressando à Brava, contou que a câmara municipal lhe disponibilizou o espaço onde se encontra actualmente e lhe ofereceu água, dois passos importantes para dar o arranque e hoje, ainda sozinho consegue dar resposta às demandas, o que lhe exige muitas vezes sair do local quando as luzes públicas já estão acesas.
Apesar de estar satisfeito, porque como considera, este trabalho lhe livrou dos caminhos errados e dos males sociais, e ainda lhe garante o sustento, revelou que o seu sonho é conseguir um local maior, quem sabe uma garagem, onde pode também empregar um outro jovem e colocar em uso uma outra máquina que tem reservada, mas que exige energia eléctrica para funcionar.
É pegando no seu exemplo, que considera “um acto de superação”, que apela aos jovens a serem mais proactivos e que procurem algo por fazer, não esperando somente pela câmara municipal, porque sozinha não consegue, mas sim que é preciso darem um primeiro passo e demonstrar força de vontade, relembrando que todo o trabalho é digno.
À semelhança desses jovens, encontramos outros que beneficiaram de algumas formações gratuitas ministradas pela câmara municipal e outros parceiros que também criaram os seus próprios negócios, outros que por paixão enveredaram pelos caminhos da manicure, outros pela venda de peixe, ou a restauração, costura, entre outros, que garantem ter o sustento garantido através das suas próprias iniciativas e que depois conseguem apoios na autarquia para alavancar o negócio.