Brava: Escola Viriato Morais acolhe actividades alusivas ao Dia Internacional da Criança Africana
Alunos da Escola Básica de Furna, Cova Rodela e Mato Grande, na ilha Brava, reuniram-se hoje na escola Viriato Morais em Mato Grande, com um leque de actividades alusivas ao Dia Internacional da Criança Africana.
Alunos da Escola Básica de Furna, Cova Rodela e Mato Grande, na ilha Brava, reuniram-se hoje na escola Viriato Morais em Mato Grande, com um leque de actividades alusivas ao Dia Internacional da Criança Africana.
Em declarações à Inforpress, Mileida Cabral, responsável pelo Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) na Brava, explicou que as actividades organizadas tem por objectivo assinalar a data comemorada hoje, 16 de Junho, fazer as crianças conhecerem a história por detrás dessa data, mas também consciencializa-las sobre os seus direitos e os seus deveres.
“Para terem conhecimento dos seus direitos, porque com isso não fiquem expostas em situações de risco, mas também alertá-las dos seus deveres”, elencou, reforçando que também esta actividade é um meio para consciencializar os pais a serem responsáveis.
Quanto à questão da responsabilidade parental, destacou que é algo que na Brava é preciso trabalhar muito, pois se encontra em falta e o ICCA tem vindo a chamar a atenção dos pais e encarregados de educação sobre a necessidade dessa responsabilização de forma a protegerem da melhor forma os filhos e as crianças.
Questionada sobre os recorrentes casos de agressão e abuso sexual, Mileida Cabral sublinhou que o ICCA sempre tem vindo a trabalhar no sentido preventivo, com acções de sensibilização para as crianças e adolescentes nos jardins-de-infância e escolas da ilha, como uma forma de munir as crianças de técnicas e conhecimentos para auto-protecção, mas também tem trabalhado nas comunidades para sensibilizar os pais sobre a necessidade de protegerem os filhos e não deixá-las expostas a situações de risco.
Sobre a data, recordou que foi um grupo de crianças e adolescentes corajosos que no ano de 1976, na África do Sul, tiveram a ousadia de sair às ruas a reivindicar a situação do ensino que estava na altura, mas também exigir um ensino na língua materna.
Do sector do ensino, Gerson Delgado, responsável da Escola Básica da Furna, considerou que a celebração dessa data é um “marco importante”, pois acredita que ainda há muito por fazer para que os direitos das crianças, principalmente africanas, sejam de facto levados em conta.
E, estar reunido com outras escolas, para esse responsável, é uma forma de enquanto professores e educadores, salvaguardar os direitos das crianças e unir a voz a outras entidades que se encontram nessa luta para “acordar” a sociedade em geral.
As crianças apresentaram uma música onde enumeraram alguns dos seus direitos, que conforme Gerson Delgado, tendo em conta os últimos acontecimentos onde se têm deparado com muita violação dos direitos das crianças, essa música é um alerta para a comunidade e para a ilha Brava em si, e para todo o mundo no sentido de apelar à salvaguarda dos direitos das crianças.
Conforme justificou, ultimamente tem-se deparado com um aumento de casos de violação desses direitos, mas que é algo que sempre aconteceu, o que mudou é que agora as denúncias são em maior número, dando assim a sociedade uma noção daquilo que se está a acontecer.
Neste quesito, apela à continuidade das denúncias, mas também a um maior cuidado e protecção das crianças.
O Dia Internacional da Criança Africana chama a atenção para a realidade de milhares de crianças africanas que todos os dias são vítimas de violência, exploração e abuso, e é celebrado a 16 de Junho, já que foi neste dia, em 1976, que se registou o massacre do Soweto, em Joanesburgo, na África do Sul.
Neste dia, em 1976, milhares de estudantes saíram à rua em protesto contra a fraca qualidade de ensino e contra o ensino da língua usada apenas pela minoria branca do país, e não da sua língua materna.
