Brava: Faina agrícola comprometida devido ao aumento do preço dos trabalhadores e sementes e a incerteza se vai valer a pena

A faina agrícola nas zonas agrícolas da ilha Brava encontra-se comprometida devido ao preço que os trabalhadores estão a cobrar, o preço das sementes e a incerteza se tal investimento vai valer a pena.

A Inforpress constatou no terreno que alguns agricultores já estão a preparar os seus terrenos na maioria sozinhos, pois pelo preço que os trabalhadores estão a cobrar e o preço da venda das sementes, aliada a escassez das chuvas nos últimos anos deixa no ar um clima de incerteza se vale a pena investir todo este dinheiro ou não.

Numa ronda efectuada hoje, verificou-se que os agricultores estão a limpar o campo e outros até já abriram as covas e estão a aguardar pela queda de chuva para jogarem as sementes à terra.

Entretanto, alguns camponeses abordados disseram que no ano passado as chuvas caíram cedo, mas também o verde não durou muito, porque o tempo de chuva foi muito pouco, e este ano, a esperança é que esta caia no meio do mês de Julho, início de Agosto, na intenção de que assim o ano será melhor, como antigamente, embora, são conscientes de que as coisas estão a mudar ano após ano.

Henrique Senna Gonçalves, um dos agricultores da ilha, morador em Ponta Baixo, contou à Inforpress que se encontra cheio de esperança e muita fé, mas também confiante no seu árduo trabalho que está a fazer para preparar os terrenos.

Diz estar ciente de que a azágua este ano é mais tarde do que o ano passado, mas a esperança é ter um bom ano agrícola, realçando que no ano passado choveu cedo, mas foi uma chuva que parou cedo.

Mas, para um bom ano, Henrique Senna Gonçalves realçou que é preciso cada um fazer a sua parte porque a natureza pode mudar de uma hora para outra e é algo imprevisível.

Da sua parte avançou que não tem problema com sementes porque tem uma boa parte que reservou do ano anterior, mas o grande problema que estão a enfrentar é a falta de trabalhadores com disposição para trabalhar e o preço por eles cobrado e o rendimento é pouco.

E, é por isso que, segundo o mesmo, há vários terrenos que estão abandonados na ilha, pois o preço é elevado, o rendimento é pouco, as sementeiras para quem compra não estão num preço acessível e a incerteza se todos os recursos mobilizados para tal investimento serão depois recompensados.

Ildo Rodrigues é um outro agricultor bravense, mas este reside na localidade de Braga, e além das dificuldades apontadas, os da Braga possuem mais um problema, que é a infestação de galinha-do-mato na zona, o que segundo o mesmo não justifica semear porque de nada vai servir.

Segundo este agricultor a zona é uma zona pobre, os trabalhadores estão a cobrar 2000 escudos cada dia de trabalho, as sementes estão a ser vendidas por 1000 escudos cada litro, o que não compensa, pois, as galinhas-do-mato não vão deixar as sementes nascerem e nem se desenvolver.

Os agricultores da ilha revelaram ainda que a expectativa “é grande”, augurando um “bom ano agrícola”.