Brava: Falta de união, materiais e disparidades na cobrança de taxas são as maiores dificuldades dos pescadores
As dificuldades enfrentadas na faina no mar são diversas, mas a classe destaca a falta de união da classe, de equipamentos adequados e disparidades nas taxas com outras ilhas como o calcanhar de Aquiles.
As dificuldades enfrentadas na faina no mar são diversas, mas a classe destaca a falta de união da classe, de equipamentos adequados e disparidades nas taxas com outras ilhas como o calcanhar de Aquiles.
Além de épocas com pouca produção, existem aquelas em que conseguem capturar uma boa quantidade de peixe, mas não conseguem dar saída ou se conseguirem, o preço não é atractivo e nem paga as despesas que uma faina acarreta.
“Antigamente, tínhamos muito peixe e havia dificuldades de escoamento, hoje não temos peixe e temos como conservá-lo e esta controvérsia dificulta muito a nossa sobrevivência também”, disse Daniel Rosário, adiantando que, hoje mesmo tendo gelo, às vezes a máquina de produção apresenta avarias e fica vários meses sem funcionar e por “ironia do destino”, calha com as épocas em que a faina é melhor.
Não obstante este facto, outro pescador Alfredo Cruz apontou as dificuldades que passam com as iscas, devido às redes que as embarcações maiores e de outras ilhas andam colocando nas baías, mesmo sendo proibidas.
“Neste momento temos um pouco de ‘chicharrinho’, mas tem tempo que temos de deslocar de Tantum para Furna ou Fajã, ou vice-versa, à procura de iscas”, contou Alfredo Cruz.
Segundo o mesmo, às vezes têm a oportunidade de fazerem uma boa faina, mas existe falta de isca, porque, denunciou, “os barcos da Praia botam rede a menos de 150 metros longe da terra”.
Para este pescador, assim como Daniel Rosário ou tantos outros, há falta de apoios por parte do Governo, por intermédio das entidades descentralizadas. Apoios estes, que podem ser na melhoria das embarcações, obtenção de motores, ou mesmo em melhorar as condições em que os pescadores saem no mar, “sem coletes salva-vidas, ou outros materiais indispensáveis para a protecção da vida dos pescadores”.
“Os parceiros que estão lado a lado com o Governo deveriam apoiar mais a classe para poder apoiar também no desenvolvimento de um país. Se não tiver pescadores, Cabo Verde é fraco”, afirmou Daniel Rosário, acrescentando que o país recebe vários apoios a nível da pesca.
De acordo com a fonte, uma licença para a pesca na ilha custa 1700 escudos e no Fogo, conforme o mesmo, os pescadores adquirem esta mesma licença por 500 escudos.
Daí, o pescador questiona o porquê desta diferença de preço, já que é a nível nacional. Um dos motivos que leva este como os outros pescadores a dizerem que na ilha não tem nenhum tipo de apoio e muito menos atenção.
Este, também comunga da opinião que a criação de uma associação de pescadores na ilha ou em cada comunidade piscatória, fazia mais “eco” e poderia solucionar vários dos problemas enfrentados, tendo um porta-voz, que representasse toda a classe. Mas assim como os outros defende que a população da ilha “não tem espírito para união”, porque, justificou, se um toma a frente, haverá críticas mais do que apoios e a participação dos sócios é quase nula.
Além de reivindicar junto das entidades uma maior e melhor atenção, o pescador Francisco Veiga apontou a falta desta associação como um dos maiores motivos de, até hoje, a classe não ter chegado a um consenso sobre o preço de comercialização do pescado na ilha.
Em termos de apoios, os pescadores pedem que seja pelo menos criada uma cooperativa que não há na ilha, que na época de crise de peixe, poderiam tomar os materiais de pesca e mesmo géneros alimentícios, para poderem “escapar”.
MC/ZS
Inforpress/Fim