Brava: Igualdade de oportunidades em Xeque após 50 Anos de Independência de Cabo Verde

O cerne da questão reside na decisão do BCV de realizar testes presenciais para um concurso público na cidade da Praia, capital do país. Uma jovem candidata, residente na ilha da Brava, viu-se impossibilitada de comparecer aos testes devido ao isolamento da sua ilha, que ficou uma semana sem ligações marítimas devido a problemas com a concessionária dos transportes.

Apesar dos apelos e da justificação apresentada pela candidata, os responsáveis do BCV mantiveram a sua decisão, alegando não haver margem para excepções. Esta postura gerou forte contestação, com críticas a apontarem para uma violação do princípio da igualdade de oportunidades, consagrado na Constituição da República.

Carlos Burgo, em declarações públicas, manifestou a sua perplexidade face à situação, comparando-a com os tempos coloniais, onde a falta de transportes era admitida como justificação para o não cumprimento de prazos. "Na época colonial, ao menos, admitia-se a falta de transporte como justificação. Arre!", exclamou o ex-ministro.

A situação da jovem candidata da Brava expõe as fragilidades do sistema de transportes marítimos em Cabo Verde, que frequentemente deixa as ilhas mais periféricas isoladas do resto do país. Este problema, que afecta o acesso a serviços essenciais como saúde, educação e justiça, coloca em causa a coesão territorial e a igualdade de oportunidades entre os cidadãos.

A polémica em torno do concurso do BCV levanta questões sobre a necessidade de se repensar os critérios de seleção em concursos públicos, de forma a garantir que todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica, tenham igualdade de oportunidades. A situação também serve de alerta para a urgência de se investir em infraestruturas de transportes marítimos eficientes e fiáveis, que garantam a ligação entre todas as ilhas do arquipélago.