Brava: Investidores pedem “maior” atenção e incentivo da parte do Governo para com a classe
Os operadores económicos da ilha Brava pedem “maior” atenção e algum incentivo da parte do Governo para com a classe, tendo em conta os “diversos” problemas que a ilha enfrenta no sector.
Os operadores económicos da ilha Brava pedem “maior” atenção e algum incentivo da parte do Governo para com a classe, tendo em conta os “diversos” problemas que a ilha enfrenta no sector.
A preocupação foi manifestada por um grupo de investidores que contactou a Inforpress no local e que afirma ter uma “visão bastante crítica” e ao mesmo tempo “optimista” em relação à situação da ilha, acreditando na possibilidade de “uma Brava melhor”.
Por isso, esses operadores apelam ao Governo no sentido de “criar” um pacote de incentivo económico e financeiro para apoiar investidores económicos da ilha Brava, como forma de “encorajar” os mesmos a investirem os seus capitais na ilha.
Conforme referem, um plano como este num período de 10 anos, dava uma ajuda importante na descolagem da ilha, através de redução dos juros e de outras medidas interventivas do Governo que pudessem incentivar os operadores a investirem numa ilha “onde a população é sempre decrescente” e o poder de compra não é favorável.
De acordo com esses investidores, se têm tido alguma visibilidade, isso tem a ver com uma “boa gestão” que fazem e, em parte, com a remessa de divisas estrangeiras, apoiadas pelas famílias residentes no estrangeiro.
Entretanto, fazem um balanço “positivo” dos ganhos obtidos no ano passado, apesar de admitirem que as dificuldades são várias.
Conforme explicou à Inforpress, Daniel Tavares, ou Danny de Poupança, proprietário de um dos maiores estabelecimentos comerciais na ilha, que vem investindo na Brava desde 2002, tendo inaugurado em 2018, o centro comercial da ilha Brava, “a cada dia que passa, a margem comercial está reduzindo”.
Mesmo assim, Danny revelou que fez avultados investimentos numa nova sede, aumentando o espaço do minimercado, assim como a nível de recrutamento de pessoal, tendo neste momento 14 efectivos e 7 sazonais.
No que se refere às novas tecnologias, garante ter realizado investimentos em novos softwares e hardwares, tendo levado a cabo ainda a capacitação dos funcionários com algumas acções de formação.
Os operadores económicos são “uníssonos” em considerar que “investir na ilha Brava é necessário ter muita paixão pelo negócio e pela ilha também”.
Conforme explicam, isto devido ao isolamento da ilha, causado pelos frequentes problemas de transporte, embora consideram que neste momento o maior problema que se coloca é em relação ao transporte de mercadorias, porque em termos de passageiros a ligação melhorou.
Entretanto, Daniel Tavares considera que embora se tenha registado uma melhoria substancial em termos de frequência de ligação marítima, servindo os passageiros, um navio de transporte de carga é ainda um dos maiores desafios.
“A Cabo Verde Fast Ferry tem estado a fazer a pesagem de todas as mercadorias que vêm da Praia para a Brava e, logicamente, assim há dificuldades de viabilizar o negócio de acordo com as políticas desta companhia marítima que, além de limitar o espaço, normalmente uma viatura de caixa aberta “Dina” que serve de contentor com o peso de 2500 Kg, para cada operador, este paga 53 mil escudos para o transporte do seu contentor mais cerca de 20 mil escudos para o manuseamento das mercadorias”, explicou.
Por seu turno, António de Pina, um outro investidor na ilha em diversos ramos, aponta também a questão dos transportes com sendo um dos maiores entraves para o desenvolvimento do comércio e dos negócios na Brava que, segundo disse, fica a mercê de “vários caprichos”.
Um deles começa pela limitação na pesagem das mercadorias na Cabo Verde Fast Ferry, disse, explicando além disso corre-se o risco de as mercadorias para Brava ficarem em terra na Praia quando há muita carga para a ilha do Fogo.
“Por vezes, somos obrigados a aguardar os barcos de cabotagem que transportam contentores com outros equipamentos, nomeadamente o cimento para construção e, dependendo da boa vontade dos proprietários “conseguir uma brecha” para colocar alguma mercadoria para Brava”, precisou.
Entretanto, a Inforpress constatou, por outro lado, que afora o problema dos transportes, a diminuição da população de forma “considerável”, está a “influenciar” também os investimentos na Brava, levando os operadores a “ponderarem” muito sobre os riscos e a reflectirem também sobre que tipo e dimensão de investimentos a serem feitas na ilha devido a esta situação.
O mau ano agrícola vivido principalmente nos dois últimos anos, juntamente com a falta do emprego público, vem contribuindo para a “redução” do poder de compra da população e “consequentemente”, tem criado alguns constrangimentos para os investidores.
Os operadores dizem que enfrentam também algumas dificuldades relacionadas com acesso a financiamentos bancários, e que muitas vezes deparam com exigências de garantias, e nem todos têm a possibilidade de cumprir com essas exigências de garantias.
Pelo facto de a classe ainda não estar organizada, não ter uma associação que a represente, “dificulta” muito a resolução de algumas questões, já que não têm como reclamar em uma só voz, como o caso de alguns problemas enfrentados com a Agência de Regulação e Supervisão dos Produtos Farmacêuticos e Alimentares (ARFA), há bem pouco tempo.
Recentemente, por ocasião da visita do vice-primeiro ministro Olavo Correia, os investidores colocaram todas estas preocupações, mas dizem não ter sentido ainda nenhuma mudança na situação e, por isso, não podem ficar calados perante os constrangimentos e inquietações que atormentam a classe na ilha.
Ante estes factos, apelam a uma “maior” atenção para com a classe, e alguma forma de resolver a questão dos transportes na ilha.