Brava: Liberdade de expressão e de escolha versus perseguição Politica

Feb 19, 2016 - 04:16
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Brava: Liberdade de expressão e de escolha versus perseguição Politica

Começa tudo de novo. Ano de eleição, disputas político-partidárias, alianças e rompimentos. Tempo em que os órgãos públicos aceleram seu ritmo habitual, cujo frenesi está muito mais preocupado com a eleição ou reeleição do Governo, do Presidente da Câmara Municipal e do Presidente da Republica, do que com a prestação do serviço público propriamente dito; concentra-se muito mais no servir a quem vota no “meu partido”, do que nos cidadãos anônimos e por vezes independentes.

O clima fica pesado, porque paira um sentimento de desconfiança de tudo e de todos, à procura de identificar os "amigos" e os "inimigos". É preciso alerta constante, porque o espião está aonde menos se espera. Cuidado, as paredes têm ouvidos!

Irmãos se posicionam em lados diferentes da barricada, pais e filhos não se falam, amigos se distanciam e por vezes para sempre.

Qualquer estratégia é válida para não se prejudicar:

Aproxime-se mais do chefe, aparentando fidelidade e comprometimento incomuns, porque ele está querendo descontar suas pressões em alguém;

Não faça críticas ao serviço neste período (mesmo que construtivas), porque elas serão mal interpretadas contra sua pessoa;

Finja-se de idiota, porque independência intelectual e espírito público causam pavor e serão duramente reprimidos;

Distancie-se das pessoas que são taxadas como adversários, por mais que sejam seus amigos de longas datas, porque “amigo de inimigo, inimigo é”;

Nunca, nunca traje vestimentas com as cores da oposição, porque eles são esquizofrênicos!

Estas são as recomendações tradicionais, válidas para ontem, hoje e sempre. Mas os novos tempos, reclamam novas habilidades. Isto porque as redes sociais representam hoje o nosso principal canal de expressão individual, e os olheiros sabem disso... Vi servidor ser exonerado por causa de suas publicações e curtidas no Facebook... Até a página dos seus amigos virtuais são monitoradas, pode acreditar. E qual a saída para os que querem se manter longe de tudo isso? Lamento, mas não tenho soluções... Terás que participar dos insuportáveis e demagógicos comícios, afinal, é o leite dos meninos que está em jogo, certo?

Mas se nas eleições anteriores as coisas foram assim, estas são particulares por serem três num ano so, e o resultado da primeira poderá influenciar as outras duas.

Por isso todo o cuidado sera pouco, pois em cabo Verde, infelizmente, sendo um sociedade altamente politizada, ha sempre tentação de perseguição.

Recordemos o que aconteceu logo a seguir as eleições autárquicas e não sera diferente nas legislativas, particularmente caso o MpD vir a ganhar as eleições, como apontam determinadas sondagens.

Na minha ilha em particular, caso o PAICV ganhar, as coisas poderão manter na mesma, relativamente aos chefes de serviços, determinados cargos de confiança, ate em funcionários “normais”.

Mas caso o povo resolver dar uma oportunidade ao MpD, haverá mudanças profundas nas Finanças, na Delegação da Agricultura, na Educação, na Esquadra Policial, na Delegação da Luta Contra Pobreza e poderá ir ate aos pequenas chefias, professores e funcionários.

Não podemos esquecer que uma professora foi colocada em Faja D’ Agua, logo apos as eleições de 1991, outros foram enviados para Cachaço e Palhal, não porque as localidades não mereciam, mas porque entenderam ser “castigo” para quem não afinava com o poder. Apenas um exemplo de muitos.

Portanto esta chegando o período da “caça às bruxas” aos servidores nacionais e municipais que votaram em partido diferente do líder ou que se posicionaram diferente durante a campanha eleitoral.

A veia perseguidora de um determinado partido se mantem intacto, perpetrado por “capachos”, por vezes sem conhecimento e consentimento do líder máximo.

Fica o aviso a navegacao, pois determinadas chefias, também, sera justo dizer, teem tomado posicões politicas claras e inequívocas, justificando assim decisões posteriores.


Moisés Santiago