Brava: Mães conscientes da necessidade de denunciar casos de abuso sexual das crianças para pôr fim a situação
Um grupo de mães que participaram na tarde desta segunda-feira numa conversa aberta sobre a prevenção do abuso sexual dizem-se conscientes da necessidade de denunciar os casos de abuso sexual das crianças.
Um grupo de mães que participaram na tarde desta segunda-feira numa conversa aberta sobre a prevenção do abuso sexual dizem-se conscientes da necessidade de denunciar os casos de abuso sexual das crianças.
Esta actividade, organizada numa parceria entre a delegação Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) na Brava e a Escola Básica de Nossa Senhora do Monte (EBNSM) enquadra-se na programação do ICCA para este mês, mas também teve o intuito de assinalar o Dia Internacional da Criança Inocente Vítima de Agressão e Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Menores, comemorados no domingo, 04 de Junho.
Maria Rosa, mãe e encarregada da educação presente no encontro, começou por lamentar a ausência dos homens num encontro do tipo, pois considerou-o como sendo “muito interessante e informativo”.
E das informações partilhadas, defendeu que pelo andar da carruagem é preciso mudar algo, a começar pelas relações e a educação dentro de casa, reforçando que os pais, principalmente a mãe, deve prezar para a criação de um relacionamento de confiança com os filhos, de forma a que estes possam confiar nelas e desabafar qualquer situação de estranho e anormal que possa acontecer, independentemente de onde for.
“A sociedade hoje está muito diferente e muitas vezes as crianças que sofrem abusos e agressão sexual não contam em casa e procuram colegas de fora, ou outras pessoas para contar e quando sentirem confiança”, indicou, sustentando que os valores estão mudados, mas é preciso trabalhar neste sector.
Igualmente, alerta para a necessidade de denunciar os casos e apoiar as vítimas, sublinhando que caso não tiverem apoios vão crescer com o trauma, enfatizando que é sempre necessário pensar no bem das vítimas, independentemente se o agressor é familiar, seja ele pai, padrasto, tio, ou quem quer que seja.
Igualmente, Maria Borges corrobora a opinião da colega, sustentando que essas situações e os bons hábitos devem ser cultivados em casa e desde tenra idade, pois, é da opinião que não é a escola, sociedade, nem a igreja, nem o ICCA, ou outra instituição que possui a missão de educar os filhos naquilo que é certo ou errado, o que deve ou não ser evitado.
Das informações partilhadas, confessou que algumas já tinha algum conhecimento, mas a maioria foi praticamente nova, demonstrando assim a necessidade de a comunidade participar sempre em eventos do tipo e se unir para combater esse “flagelo” que na Brava tem causado “várias vítimas”.
Davidson Lopes, subdirector de Assuntos Sociais e Promoção da Cidadania da EBNSM, explicou que que o objectivo foi transmitir algum conhecimento aos pais e encarregados da educação, ara os alertar sobre alguns comportamentos e mudanças nas crianças e adolescentes que muitas vezes passam despercebidos.
Segundo os pais é preciso que todos progenitores estejam mais atentos aos filhos, mais abertos, ser amigo dos filhos e ter momentos de qualidade com eles, alertando para questão da internet e as suas consequências.
Já à sociedade pede para não “camuflar” os casos, mas sim que façam denúncias quando há casos do tipo, não permitindo e compactuando com qualquer caso de violência das crianças, independentemente de que natureza seja.
Da parte do ICCA, a psicóloga Mileida Cabral, que teve como foco sensibilizar os pais sobre o abuso sexual e as consequências na vida das vítimas, defendeu a necessidade de se trabalhar mais na prevenção, mostrando-lhes a importância de conversar com os filhos desde cedo, para entenderem que a família é a base.
E falando da família, avançou que esta tem de falar com os filhos desde pequeno sobre o corpo de forma a conhecerem as partes íntimas, onde devem ou não serem tocadas, sobre a sexualidade para a prevenção do abuso sexual.
No ano de 2022, informou que foram denunciados 16 casos e este ano, até então já registaram cinco.
O ICCA, segundo a psicóloga, tem apostado muito na sensibilização, principalmente nas escolas e jardins-de-infância, mas também com os pais e encarregados da educação para terem em mente os sinais de alerta que as crianças apresentam de forma a estarem cientes nos filhos.