Brava: Marlys Miracle Foundation entrega coletes salva-vidas aos pescadores de diversas aldeias

A Fundação americana Marlys Miracle fez hoje a entrega de mais de 100 coletes salva-vidas, a pescadores das diversas aldeias piscatórias da ilha Brava.

Jun 28, 2019 - 03:54
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Brava: Marlys Miracle Foundation entrega coletes salva-vidas aos pescadores de diversas aldeias

A Fundação americana Marlys Miracle fez hoje a entrega de mais de 100 coletes salva-vidas, a pescadores das diversas aldeias piscatórias da ilha Brava.

A fundadora e dirigente da fundação Maria Pereira explicou à Inforpress que esta iniciativa partiu da tragédia que aconteceu no início de Janeiro com os dois irmãos e um primo na localidade de Braga, em que somente um deles foi encontrado com vida, um morto e o outro até hoje, não foram encontrados vestígios.

Daí, contou que logo em Janeiro veio à ilha Brava e trouxe 12 coletes salva-vidas, que entregou a esta comunidade, como um gesto de “reconhecimento das necessidades que as comunidades piscatórias enfrentam e uma esperança de que era possível munir maioria dos pescadores de equipamentos com um pouco mais de segurança”.

Hoje, a dirigente fez a entrega de coletes aos pescadores de Pau, Lomba, Fajã d´Água e na sexta-feira, será a vez dos pescadores de Furna.

Além dos coletes, salientou que já foram entregues roupas, sapatos e outros materiais a todos os moradores da localidade de Braga, como forma de “minimizar” um pouco a situação “difícil” que este povoado tem vindo a enfrentar e inclusive, já tem previsto uma outra viagem para trazer brinquedos às crianças.

Além de pessoas individuais, esta fundação apoia hospitais, escolas e outras entidades que trabalham com crianças carenciadas ou pessoas que necessitam de algum cuidado.

Questionada sobre a origem da fundação e o que a move, Maria Pereira contou que é uma bravense que emigrou para os Estados Unidos com sete anos de idade e foi após 38 anos de labuta que conseguiu regressar ao país e a sua ilha natal, mas somente por três dias.

Entretanto, nestes três dias que ficou na ilha Brava, aconteceu algo que mexeu muito com ela.

“Estávamos na localidade de Tomé Barrás e vi uma criança que não nos encarava. Perguntei se tinha vergonha, responderam-me que ela era cega. Este episódio mexeu comigo de uma certa forma, que mudou a minha maneira de pensar e ver as coisas”, contou a dirigente.

Segundo a mesma, ao regressar para os EUA, foi decidida de que teria de fazer algo para a criança. E foi aí que decidiu criar a Marlys Miracle, porque, conforme explicou, foi um milagre, que através dos olhos da criança que não enxergavam, ela conseguiu ver no fundo do seu coração e lutar para demonstrar outras pessoas um gesto de carinho e de solidariedade.

“Chegando aí, foram quatro meses para localizar a criança, mais dois para convencer a mãe de que a minha intenção era a melhor e cerca de mais uma ano e meio para angariar fundos e tratar dos despachos da Embaixada”, realçou Maria Pereira.

Após o processo, conseguiu levar a criança, fez uma cirurgia e alguns tratamentos e em 2017, Maria Pereira regressou juntamente dela, com a visão um pouco recuperada e também para conhecer os pais.

Marly passou a ser a inspiração da fundação sem fins lucrativos, registada nos EUA, mas que apoia Cabo Verde e Moçambique.

Por causa desta fundação, a fundadora salientou que vem várias vezes ao país, pois não apoiam somente a ilha Brava, mas todas as outras, com excepção de São Vicente e Santo Antão que somente agora, é que estão a alcançá-las.

As dificuldades e desafios são vários, porque, segundo a dirigente, todos os anos fazem uma festa para angariação de fundos, e sobre a ideia que se tem que todos os emigrantes querem e podem ajudar não é bem assim.

Pois, conforme a mesma os emigrantes também passam por algumas dificuldades e quando se trata de apoios em dinheiro ou bens, muitas vezes, é preciso um trabalho de sensibilização.

Entretanto, o “maior calcanhar de Aquiles” é na hora do envio, que conforme exemplificou, desta vez, pagou quase 200 mil escudos, somente para as encomendas que enviou para a ilha e, na sua óptica, para uma associação sem fins lucrativos, este montante é “exagerado”, porque envia os materiais para apoiar os que necessitam, não para vender.

Com a sua estada na ilha, já fez algumas diligências juntamente com as agências e com o presidente da câmara, Francisco Tavares, para se inteirar do que é necessário para diminuir estes custos porque são donativos e quando pagam um preço elevado, não conseguem atingir a meta.