Brava: “Os governantes deveriam sensibilizar-se com as acções das fundações e apoiar os pescadores da ilha” – pescador de Furna
João Cardoso, conhecido por Lalam, pescador da localidade de Furna, com 32 anos de experiência no mar, considerou que a classe na ilha está “esquecida e abandonada” pelas entidades governamentais.
João Cardoso, conhecido por Lalam, pescador da localidade de Furna, com 32 anos de experiência no mar, considerou que a classe na ilha está “esquecida e abandonada” pelas entidades governamentais.
Este pescador, que falou em nome do grupo, fez estas considerações à Inforpress, na sexta-feira, no âmbito da entrega de cinquenta coletes salva-vidas, oferecidas pela Marlys Miracle Foudation aos pescadores da comunidade de Furna.
De acordo com a mesma fonte, muitas vezes, existem pescadores na localidade que saem para o mar sem nenhuma segurança, sem nenhum colete e caso aconteça alguma coisa no mar, não têm muitas opções ou condições de escaparem, pois, conforme contou, “mesmo com muitos anos em cima da água ninguém sai de casa com garantia de que vai voltar vivo, porque o mar é ingrato”.
Até porque, segundo o mesmo, as autoridades marítimas não têm sido rigorosos em termos da fiscalização na altura da saída dos botes ou na entrada, porque sabem que nem todos possuíam coletes, mas a partir de hoje acredita que com a doação, a fiscalização vai ser mais rígida e dentro da lei, porque, todos ou a maioria, já estão munido de coletes.
Aproveitando a ocasião, o pescador apelou ao Governo que dê um pouco mais de atenção aos pescadores da ilha, porque, conforme o mesmo, sempre vêm ou escutam nos órgãos de comunicação social que alguma aldeia piscatória das outras ilhas foi apoiada pelos órgãos do Estado, mas “não tem sido o caso dos da Brava”.
“É preciso que o Governo se una às fundações e associações que de boa fé sempre fazem alguma coisa para a nossa classe e assim, com certeza, teremos menos problemas e dificuldades, já que a vida do e no mar não é nada fácil”, disse João Cardoso.
Questionado sobre as dificuldades enfrentadas, o pescador elencou que além de terem dificuldades com as botes que muitas vezes são pequenas, há a situação dos barcos que vêm pescar nas águas de Cabo Verde, embora possuem um limite, mas estes não cumprem, o que está dificultando o ganha-pão dos pescadores dos botes.
Além disso, realçou que o mar já não está produzindo como antes e quando têm a oportunidade de conseguirem alguma coisa, dão de cara com os barcos maiores, que pescam tudo e eles acabam regressando sem nada e as autoridades, nem sempre têm fiscalizado estas embarcações que “invadem” os seus territórios.
Segundo Nho Lalam, os pescadores desta localidade e da ilha toda vivem à mercê da “sorte e da companhia de Deus”, porque, se fosse do Estado, todos já tinham encostado os seus botes.
A iniciativa desta fundação em distribuir coletes partiu da tragédia que aconteceu no início de Janeiro com os dois irmãos e um primo na localidade de Braga, em que somente um deles foi encontrado com vida, um morto e do outro, até hoje, não foram encontrados vestígios.
Na quinta-feira foram entregues cinquenta coletes na localidade de Lomba, 12 em Fajã D´Água, 1 no Mato e 4 em Pau.