Brava: Padre Pio Gottin recordado como “pai, missionário” e “figura incontornável da humanidade”

O Padre Pio Gottin é recordado por alguns bravenses como sendo um pai, missionário, e figura incontornável na humanidade, tendo em conta o que fez a nível social, espiritual e em diversas áreas na Brava.

Mar 10, 2023 - 13:21
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Brava: Padre Pio Gottin recordado como “pai, missionário” e “figura incontornável da humanidade”

O Padre Pio Gottin é recordado por alguns bravenses como sendo um pai, missionário, e figura incontornável na humanidade, tendo em conta o que fez a nível social, espiritual e em diversas áreas na Brava.

Em comemoração ao centenário do nascimento do Padre Pio Gottin, as irmãs Franciscanas deram início a um leque de actividades que se iniciaram esta quarta-feira, 07, na ilha Brava e o encerramento será no próximo dia 12 de Março, na cidade da Praia.

Para falar e dar a conhecer quem foi padre Pio Gottin aos mais jovens, a Inforpress contactou alguns bravenses, que conviveram com esta “figura carismática” de perto e tiveram a oportunidade de beneficiar de algumas das acções feitas por ele.

Ondina Nobre é uma bravense que teve a oportunidade de conviver com o Padre Pio e descreve o sacerdote como uma “figura incontornável, um pai, um missionário, educador, amigo, e um apoiante”, que não precisava saber da identidade de ninguém, caso necessitasse, pois, o Padre Pio estava sempre pronto para apoiar naquilo que fosse necessário.

Segundo a mesma fonte, na sua infância, além das muitas dificuldades enfrentadas na época, muitas famílias por vezes não conseguiam garantir uma alimentação aos filhos, mas as crianças da Escola Materna, uma obra emblemática construída por Padre Pio, “não passaram fome”.

“Na altura, a escola Materna estava bem organizada, pois éramos mais de trezentas crianças e todas tínhamos uma refeição quente”, recordou, sublinhando que as mães mandavam as crianças para a escola sem preocupação porque sabiam que as crianças encontravam o “pão de corpo e de espírito”.

Quanto às actividades que estão a ser realizadas para a comemoração do centenário do seu nascimento, Ondina Nobre enalteceu a iniciativa, pois, justificou que é uma oportunidade dos mais jovens conhecerem e ficarem a saber quem foi Padre Pio, o que representa e o que fez pela Brava.

Igualmente, Orlando Burgo, mesmo tendo convivido menos com este religioso, diz ter lembranças e conhecimento das suas obras e legados que este fez e deixou para a Brava e não só.

Segundo este bravense, quando o Padre Pio emigrou para os Estados Unidos da América (EUA) ele tinha por volta de oito anos, mas nessa altura já estava a frequentar a Escola Materna, onde teve aconchego e lembra dele como um homem bondoso, carinhoso, o que fazia com que todas as crianças se aproximassem dele para receberem o abraço com o seu “jeito simples” de um Franciscano.

Orlando Burgo contou que cresceu ouvindo as suas histórias, comunicações feitas por outros irmãos Franciscanos, mas também tem feito algumas pesquisas sobre a sua vida e obra, que falam de um religioso que deu muito para a ilha, sobretudo, na sua flor de juventude.

“Os Capuchinhos marcaram uma geração da sociedade bravense, sobretudo numa altura de muitas dificuldades, nomeadamente a seca e o Padre Pio, enquanto superior, marcou muito a população da Brava, entre os anos 50 até 78”, indicou.

Na Brava, falou do edifício da escola Materna que considerou como um dos feitos deste homem religioso que albergou todas as crianças da ilha com dificuldades, um legado do Padre Pio que ficou na memória de muitos, mas também destacou que foi ele o fundador do Instituto das Consagradas Franciscanas da Imaculada Conceição, que conforme recordou iniciou-se como a Terceira Ordem Franciscana na altura.

A mesma fonte realçou que Padre Pio, além de trabalhar na área social, na área de saúde, era também visto como um administrador do concelho, uma vez que apoiava o administrador em algumas directrizes, além de equipas de futebol que criou.

E ao emigrar para os EUA a sua missão com os cabo-verdianos não terminou, pois como disse este bravense, ele continuou a apoiar e a acompanhar os cabo-verdianos que emigraram para os EUA enquanto ele estava na sua missão.

Quanto à programação, para hoje, dia 9, está agendada a apresentação de uma palestra com o tema “Padre Pio e as Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição”, e no dia 10, uma noite cultural.

Para sábado, dia 11, será realizada uma vigília de oração e para o domingo, dia 12 de Março, tem programada uma única missa que vai ser celebrada na paróquia de São João Baptista, seguido de um almoço convívio.

Padre Pio Olívio Gottin nasceu em 11 de Março de 1924, em Pozzoleone (Vicenza), na Paróquia de Madona di Campagna Turim-Itália.

Fez votos perpétuos em 19 de Março de 1945, tendo sido ordenado sacerdote em 01 de Fevereiro de 1948.

O padre chegou à Cabo Verde em 31 de Março de 1949, e foi colocado na paróquia de São Lourenço, Fogo de 1949 a 1955, na ilha Brava de 1955 a 1979, foi para os Estados Unidos no dia 24 de Março de 1979,  onde trabalhou até 1999 e veio a falecer nos Estados Unidos no dia 07 de Novembro de 1999.

 

Inforpress