Brava: Pároco pede aos pais que comecem a incutir nos filhos os valores humanos
O pároco da ilha Brava pediu hoje aos pais e aos fiéis católicos presentes na celebração eucarística da festa da Sagrada Família que comecem a incutir nos filhos os valores humanos.
O pároco da ilha Brava pediu hoje aos pais e aos fiéis católicos presentes na celebração eucarística da festa da Sagrada Família que comecem a incutir nos filhos os valores humanos.
“Deve-se incutir nos filhos não só o sentido de respeito, atenção para com os outros, mas também que encontrem um fundamento, sobretudo no aspecto cristão, para fundamentar o porquê que os fazem diferentes daquilo que a sociedade apresenta”, afirmou explicou o padre Euclides Pires, para quem “sem os valores humanos é quase impossível assimilar os valores cristãos”.
A sociedade também transmite valores, considerados pelo pároco como sendo, muitas vezes, um pouco “ocos e vazios”.
Não desdenhando os valores transmitidos pela sociedade, Euclides Pires adiantou que para “nós os cristãos, os valores transmitidos dão-nos uma outra perspectiva para fundamentar e saber o porquê de fazer e seguir outros valores”.
O padre deu exemplo da época festiva em que estamos, em que os “cristãos vêem Jesus como o príncipe da paz”, não na perspectiva da “ausência de guerra e conflitos”, mas, ajuntou, “uma paz onde, para a nossa fadiga e as dificuldades do dia-a-dia, sempre há uma resposta”.
Questionado sobre a sua visão da família nos dias de hoje, o sacerdote disse que, sem “quer ser tão crítico mas optimista”, tem notado que a sociedade e a família têm perdido muito, porque a família tem vindo a perder referências.
“Antigamente, tínhamos o sentido da família alargada. Onde os avós eram a volta da casa, os netos aprendiam com eles, os vizinhos faziam parte da educação dos filhos. Hoje, damos conta que falta algo, os vizinhos são considerados estranhos e existe um fosso entre a ligação de avós e filhos”, replicou o sacerdote.
De acordo com o prelado, a própria sociedade está determinando uma nova forma de ver a família, num tempo em que “em primeiro lugar vem o trabalho e o rendimento e só depois a família”.
“A pessoa deixou de ser identificada como pessoa, mas como o rendimento. E quando já não está a dar rendimento, é colocada de parte, como é o caso dos filhos que colocam os pais no lar de idosos”, lamentou Euclides Pires.
Isto levou o religioso a considerar que na sociedade actual existem “muitos pais órfãos de filhos vivos”, ou seja, “muitos filhos colocam os seus pais de lado, deixando que sejam cuidados por terceiros, a partir do momento que não estão dando nenhum rendimento”.
Na óptica do sacerdote, os pais têm agora uma missão “muito importante” na tentativa de recuperar o sentido do que já foi perdido. “Porque sem o conceito da família alargada, acabamos por perder tudo”, vincou.
De acordo com o pároco, família é como uma planta: “se perdermos as raízes, ficamos sem nada, sem força. Os avós são sempre as raízes, os pais o tronco, os filhos os ramos e daí os frutos”.
Para o sacerdote, através dos frutos “saberemos qual a família., isto é, se tem raiz, tronco e membros, ou se as raízes estão cortadas”.
“Se os frutos são bons, podemos dizer que, por detrás existe uma família bem organizada. E é necessário que as famílias voltem a ser aquilo que era antes, vivendo na união e sendo uma referência sempre”, finalizou.
MC/JMV
Inforpress/fim