Brava: Pescadores preocupados com a lei que os proíbe de permanecer nas imediações dos ilhéus Rombos

Os pescadores das três aldeias piscatórias da Brava demonstram-se preocupados com a aplicação da lei que os proíbe de permanecerem nas imediações dos ilhéus Rombos, área considerada para estes como sendo a maior fonte de riqueza em peixe.

Jul 30, 2019 - 03:57
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Brava: Pescadores preocupados com a lei que os proíbe de permanecer nas imediações dos ilhéus Rombos

Os pescadores das três aldeias piscatórias da Brava demonstram-se preocupados com a aplicação da lei que os proíbe de permanecerem nas imediações dos ilhéus Rombos, área considerada para estes como sendo a maior fonte de riqueza em peixe.

Estes pescadores estão contestando o decreto-lei de 24 de Fevereiro de 2003, que estabelece o regime jurídico dos espaços naturais, paisagens, monumentos e lugares que, pela sua relevância para a biodiversidade, pelos seus recursos naturais, função ecológica, interesse socioeconómico, cultural, turístico ou estratégico, merecem uma protecção especial e integrar-se na Rede Nacional das Áreas Protegidas.

Entretanto, de acordo com os pescadores de Furna, Fajã d´Água e Lomba Tantum, até esta data, a lei não tinha sido colocada em vigor.

Entretanto, de alguns dias para cá, sentem-se “afrontados”, porque, agora as autoridades querem colocá-la em prática, e na ilha, a única fonte de riqueza em peixe, é nesta área.

Os pescadores destas três aldeias piscatórias já se reuniram, um encontro organizado por Anildo Andrade, vice-presidente da associação comunitária da Furna, onde precisamente, discutiram na tarde deste domingo uma possível data para a realização de uma limpeza na totalidade nos ilhéus Rombos e também, aproveitou para sensibilizar os pescadores no sentido destes fazerem um uso racional dos ilhéus.

Ainda, durante o encontro, foi feita uma reflexão sobre a proibição da paragem nos ilhéus logo de imediato, que está provocando alguns constrangimentos a nível familiar de todas as zonas piscatórias da ilha, onde cada pescador deu a sua opinião sobre a situação.

Marcelino Lomba, pescador da localidade de Lomba Tantum, em declarações à Inforpress, salientou que as comunidades piscatórias da ilha “dependem” dos ilhéus, porque é lá que se encontra a maior fonte de riqueza a nível do mar nesta ilha.

Daí, adiantou que a implementação da lei está nos “afectando” gravemente a situação dos pescadores da ilha e de centenas de famílias.

Neste sentido, solicitou que o Governos resolva esta situação o mais breve possível, salientando que o ministro da Economia Marítima já tinha dado a autorização mesmo que verbalmente, numa altura em que reuniu com os pescadores.

Segundo o pescador é de “extrema importância” que a situação seja resolvida, para evitar problemas entre os pescadores e as autoridades, porque “é o sustento das famílias que está em causa”.

A mesma fonte explicou ainda que na época de aságuas, os ilhéus são as únicas opções, porque se depararem com algum mau tempo, têm de ficar aí, mas se não podem parar, questiona se é para enfrentarem a natureza e depois desaparecer ou perder a vida devido as leis?.

De acordo com o mesmo, na altura em que o ministro teria dado esta autorização, estava acompanhado do delegado marítimo da ilha, e, perante os problemas apresentados pelos pescadores, “mostrou a possibilidade de a lei ser revogada”.

Para este pescador, a classe deve iniciar com uma limpeza no ilhéu, respeitar as leis das tartarugas e pássaros e o Governo, deixá-los pescar para arranjarem o pão de cada dia para a família.

Um outro pescador da localidade de Furna, João Cardoso, conhecido por Lalan, alegou que estão “afrontados e preocupados” com as suas famílias, devido a proibição da paragem nos ilhéus, local onde muitos procuram o sustento das famílias.

Pede ao Governo, que considere a classe de pescadores, e que lhe dê mais atenção, pois, a lei “favorece e protege os pássaros e tartarugas, desfavorecendo os pescadores e colocando em causa o sustento das famílias”.

De acordo com a classe, deveriam estudar primeiro as consequências que a lei vai provocar no sustento familiar e na situação económica da ilha, pois, muitos têm motores que conseguiram através de fundos do Governo, mas com esta medida, questionam como é que vão pagá-los e ainda, o que consideram como sendo mais grave, é o facto de pescadores da ilha do Fogo estarem a frequentar esta zona.

Ficou por afinar a data da possível limpeza, uma iniciativa que mereceu o apoio de todos, inclusive, um emigrante ofereceu a sua embarcação para fazerem o trajecto.

MC/CP

Inforpress/fim