Brava: População de Lomba Tantum descontente com decisão do delegado do MAA em aumentar preço da água
A população de Lomba Tantum está “revoltada” com o preço estipulado pelo delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) para a venda da água de um depósito que, segundo dizem, “não acarreta nenhum custo”.
A população de Lomba Tantum está “revoltada” com o preço estipulado pelo delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) para a venda da água de um depósito que, segundo dizem, “não acarreta nenhum custo”.
Jaqueline Barros, presidente da associação local e porta-voz da comunidade disse à Inforpress, que nesta comunidade nem todos possuem água canalizada disponibilizada pelo processo de bombagem, porque muita gente usufruía da água de um depósito existente na comunidade.
Entretanto, explicou que ultimamente os tubos de água proveniente do sistema de bombagem arrebentaram-se e, aproveitando-se deste momento de dificuldades, o delegado do MAA estipulou que a água do depósito passasse a ser vendida no chafariz por 10$00 cada lata de 20 litros e a “pronto pagamento”.
Esta medida não foi do agrado da população, que decidiu enviar um convite ao delegado, propondo-lhe um encontro para discutirem um preço mais acessível, por considerar que o preço estipulado unilateralmente “é muito elevado” se se tomar em conta que se trata de uma zona agreste, piscatória, onde nem todos conseguem meios para suportas esse custo, sustentou Jaqueline Barros, realçando, por outro lado, que trazer esta água à comunidade “não gasta nada, nem mesmo energia”.
Segundo a interlocutora da comunidade local, o delegado não aceitou a proposta deles alegando que “é um insulto o que estavam a propor”.
Entretanto, Jaqueline Barros explicou que a população é a favor do pagamento de alguma taxa, mas nunca da forma “impostora” como pretende o delegado do MAA.
“Nós pagamos uma quantia sim, caso houver alguma avaria nos tubos ou um outro problema qualquer, mas não porque existe algum custo na disponibilização da água e esta água não é tratada”, reforçou.
Por outro lado, avançou ainda que quando entrou em contacto com o delegado tentando sensibiliza-lo a este propósito, o mesmo respondeu que “as famílias que tinham dívidas e que estão com a água canalizada cortada, se saldarem as suas dívidas terão a água canalizada de novo e o custo será mais reduzido”.
Alfredo da Cruz, também um morador da localidade de Lomba Tantum, questionou, por sua vez, porquê é que a população dessa localidade não pode se abastecer de água mesmo que seja a crédito, para pagar mais tarde quando poder, quando, em contrapartida, o delegado do MAA pode encher camiões de água quatro ou cinco vezes por dia no na zona de Palhal, para vender depois cada tonelada a 300$00.
Conforme explicou à Inforpress, o que deixou a comunidade “mais revolteada ainda”, foi o facto de constatar que uma família pobre nessa localidade, praticamente sem meios de sobrevivência, ficou quatro dias sem água, pedindo apoio nos vizinhos, porque não tinha dinheiro para comprar água no preço estipulado pelo delegado.
Janina Rodrigues, uma outra moradora local, disse à Inforpress que nos dias em que não conseguiu nenhum tostão para comprar água, foram os vizinhos que lhe deram água para “desenrascar” porque os filhos estavam a faltar as aulas.
Perante esta situação, a população ameaça arrebentar os cadeados do chafariz, caso o delegado não mudar esta medida.
Segundo alegam, esta zona da ilha é muito quente, têm muitas crianças que vão à escola e por isso precisam da água.
A Infopress tentou contactar o delegado do MAA na ilha para explicar a situação, mas não teve sucesso nem por telefone, nem via e-mail enviados solicitando entrevista.