Brava: População manifesta-se “contra abandono da ilha” e pede melhorias em todos os sectores
Mais de uma centena de bravenses saíram hoje às ruas de Nova Sintra numa manifestação pacífica, intitulado movimento “Basta”, como forma de chamar atenção do Governo perante a situação que a ilha atravessa.
Mais de uma centena de bravenses saíram hoje às ruas de Nova Sintra numa manifestação pacífica, intitulado movimento “Basta”, como forma de chamar atenção do Governo perante a situação que a ilha atravessa.
Os participantes, na maioria trajados com t-shirts negros com a expressão “Basta” estampado no peito, empunhavam cartazes e dísticos, ao mesmo tempo que lançava palavras de ordem como “nu kre mais e melhor saúde” (queremos mais e melhor saúde), “nu kre barco no porto” (queremos barco no porto), “onde está aTCV”, “nos também nu ta conta” (nós também contamos), “Basta” e “Brava também é Cabo Verde”, entre outros.
À imprensa, o porta-voz, António de Pina, explicou que o motivo que levou os bravenses a saírem na rua, mais de uma década depois, deve-se ao facto das “diversas circunstâncias a que a ilha está a viver já há algum tempo”, pelo que “há que chamar a atenção do Governo perante tal situação”.
Segundo este promotor, da forma que a ilha está “não pode continuar”, ajuntando que pelo número de pessoas que participaram na manifestação içou demonstrado que estes problemas “não estão a afectar ou inquietando somente meia dúzia de pessoas, mas sim a ilha e a população inteira”.
“Quando temos uma situação de saúde precária da forma que está, pessoas com vários dias para encontrarem uma consulta dentro da ilha, sair para fazer um Raio X no Fogo é muita despesa, além de ficar na rua após a realização do mesmo e, mais grave, tiraram o barco do porto, com uma escala que ninguém está a entender”, elencou António de Pina, alegando que a população “não pode continuar nestas circunstâncias sem se pronunciar”.
“O Governo tem de tomar medidas em direcção à ilha, porque se contam nos votos, têm de contar nas condições também”, reforçou.
O que deixou os participantes ainda “mais revoltados”, foi o facto de a Televisão de Cabo Verde (TCV), operadora pública, não ter feito a cobertura da manifestação, considerando tal acto como sendo um “descaso enorme”.
Na óptica de António Pina, se a televisão desloca-se à ilha Brava para filmar um jogo de futebol, semana sim, semana não, hoje, considerou, “a TCV tentou cortar a voz do povo.
“Mas não foi possível, porque hoje em dia, cada um é a TCV para fazer a sua divulgação com os meios que possuem”, declarou, numa alusão às redes sociais.
Com esta atitude, o porta-voz acrescentou que ficou demonstrado de “forma clara” que a ilha Brava “não tem valor nenhum para eles”, e sendo a região Fogo/Brava nesta última não aparecem, “a não ser na política ou no futebol”.
“Esta manifestação é ‘um basta’ também à RTC, porque foi o director ou o ministro que cancelou esta cobertura e, no entanto, pagamos uma taxa todos os meses, mesmo sabendo que a ilha não usufrui de nenhuma cobertura dos eventos e nem tem sinal da RTC”, finalizou, António de Pina, que adiantou que não é culpa dos funcionários, mas da tutela, num acto “muito feio”.
Os participantes alegaram que participaram na manifestação devido à situação que se vive na ilha Brava, e salientaram que já estão “fartos e cansados de dizerem sim senhor a tudo” e que são cidadãos todos os dias, “não somente na altura das campanhas eleitorais”.
A manifestação surgiu na sequência da morte de uma jovem parturiente em evacuação para a ilha do Fogo, sendo que tanto os promotores como os participantes deixaram claro a iniciativa não foi contra nenhuma entidade local, mas sim para chamar atenção do Governo perante “certos acontecimentos”, porque já está na hora de a ilha “acordar”.
MC/AA
Inforpress/Fim