Brava: Psicólogo alerta para a necessidade da sociedade cuidar da sua saúde mental
O psicólogo da Delegacia de Saúde da Brava, Adilson Bango, alertou hoje para a necessidade de a sociedade cuidar da sua saúde mental, mesmo reconhecendo que o ser humano não foi e não está orientado para isso.
O psicólogo da Delegacia de Saúde da Brava, Adilson Bango, alertou hoje para a necessidade de a sociedade cuidar da sua saúde mental, mesmo reconhecendo que o ser humano não foi e não está orientado para isso.
Adilson Bango falava à Inforpress após a realização de uma conversa aberta realizada na Escola Secundária Eugénio Tavares, dirigida à comunidade educativa, em especial aos professores e dirigentes dos agrupamentos escolares da Brava, onde realçou que a saúde mental é “uma questão muito importante”.
Segundo a mesma fonte, as exigências que a sociedade impõe ao ser humano são várias, relembrando que a sociedade passou pela fase da pandemia de covid-19, com muitas situações de stress. Aliás, o psicólogo põe ênfase na própria questão da profissão, nesse caso a do professor, considerando a docência como “uma profissão muito stressante, por vários factores”, implicando por isso que as pessoas tenham algum cuidado com a saúde mental.
“Muitas vezes, a sociedade fica preocupada com doenças como a ansiedade, depressão e outros tipos de transtornos, e todas essas questões são importantes, mas o mais importante é que se cuide da saúde mental”, sublinhou.
Questionado sobre as formas de fazer este cuidado, este profissional indicou o desenvolvimento de estratégias para trabalhar a inteligência emocional, o bem-estar e outros componentes fundamentais.
Entretanto, reconheceu e lamentou o facto de a sociedade não estar orientada para a questão da saúde mental, revelando que há muito preconceito relativamente a essa questão, mas o não cuidar da saúde mental leva ao desenvolvimento de patologias neuróticas e psicóticas.
Sobre o professor evidenciou que, como todos, não é imune a questões de foro emocional, psicológicos e isso interfere sempre na relação com o aluno.
Cuidando da sua saúde mental, o especialista acredita que o professor certamente vai cuidar melhor dos alunos. Reconhecendo do que cuidar dos alunos “não é tarefa fácil, é exigente e é preciso estar mentalmente bem para exercer a profissão”, defendendo que em qualquer profissão estar mentalmente bem é fundamental para o exercer e conseguir atingir os objectivos.
Por seu turno, Vergílio Lopes, delegado interino da Delegação escolar da Brava, explicou que esta actividade se enquadra dentro do programa da comemoração do Dia Nacional do Professor, assinalado a 23 de Abril, realçando que a classe docente é uma classe “propensa” para os problemas de foro mental e, portanto, em boa hora vê-se que cada uma das apresentações demonstrou todos os possíveis transtornos e as soluções.
Este responsável avançou que este tema foi apresentado em diferentes perspectivas, envolvendo especialistas, médicos e a vertente religiosa, falando sobre a forma de gerir as emoções e a abordagem sobre a saúde mental.
“Espero que a classe faça bom proveito da conversa e das informações, no sentido de ter mais ferramentas e bagagens para poder enfrentar aquilo que é o dia-a-dia na sala de aula, tendo em conta que se está a viver num mundo onde há várias dificuldades e que é preciso gerir as emoções no relacionamento com os alunos, com a família, e toda a sociedade”, disse, realçando que só com o cuidado da saúde mental é que se consegue construir uma educação melhor e ensinar os alunos para depois colher frutos e ter uma sociedade melhor.
Eurico Barros, professor da ESET, que participou nessa conversa, considerou que “é difícil falar desse assunto uma vez que não é uma rotina”.
Mas, reconheceu a importância tema, explicando que a carreira do professor implica factores extraescolares e que dentro da escola há uma micro sociedade que coloca à prova sempre a saúde mental do professor.
“O professor, para exercer a sua função, tem de conhecer a si próprio, no sentido de saber quais são os seus limites e como transpor barreiras, uma vez que lida com vários sentimentos, de vários níveis, o que acaba por trazer à tona a fragilidade que o professor tem”, indicou, realçando que também cabe ao professor ter a coragem de sentir que ele não possui a capacidade para resolver determinados problemas e pedir ajuda.
Mas, relembrou que ainda existe um tabu social de que o psicólogo é somente para doentes mentais, “um conceito errado”, porque, disse, o próprio professor, quando perde o controlo das suas emoções, não consegue também entender as emoções do aluno e alguém precisa dizê-lo que não é forte até esse ponto, mas que na sua fraqueza o pode ser, pedindo ajuda.