Brava/Transportes: PAICV diz que situação é de “humilhação para os passageiros”
O deputado nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Clóvis Silva, disse hoje que aquilo que se está a passar com a ligação marítima para a Ilha Brava representa uma “humilhação para os passageiros”.
O deputado nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Clóvis Silva, disse hoje que aquilo que se está a passar com a ligação marítima para a Ilha Brava representa uma “humilhação para os passageiros”.
Em conferência de imprensa hoje, na Cidade da Praia, aquele deputado eleito pela lista do PAICV na Brava disse ainda que a situação actual representa a prova “mais clara” de que o Governo “não teve em conta”, ao conceder a exploração dos transportes marítimos à empresa CVInterilhas, que o serviço de transporte de passageiros e cargas para a Brava é “um serviço de utilidade pública” e “não uma actividade comercial”.
“E o resultado está à vista”, frisou o eleito nacional, completando que os passageiros são tratados como “meros clientes” e os bens de primeira necessidade são tratados como “meros produtos comerciais”.
Por isso, denunciou, se a quantidade de carga que chega para ordem de embarque não se justificar, ela é deixada no cais.
Clóvis Silva disse ainda que se a quantidade de crianças que irá viajar exceder determinado número, a agência “não vende mais a nenhuma criança um bilhete de passagem”, uma vez que as crianças pagam mais barato que os adultos.
“Há caso de um pai desesperado por viajar com o seu filho a ter que comprar uma passagem de adulto para a criança poder viajar”, afirmou o deputado, denunciando ainda a recusa da companhia em receber carga dos pequenos comerciantes, peixeiras e vendedores para o embarque no porto da Furna.
Clóvis Silva referiu que se está a propalar que há mais viagens para a Brava, mas rebate que “há doentes evacuados e turistas a saírem em embarcações de pesca”, isso, disse, enquanto o navio Sotavento está a atracar no porto da Furna.
“À frente dos meus olhos. Eu estava lá! Turistas que chegaram à Brava com a certeza de que haveria transporte para não perderem os voos de ligação para a Brava, e foram defraudados. Grávidas a serem transportadas nestas mesmas condições”, completou.
Ainda segundo as denuncias do deputado tem havido “mudanças constantes” e cancelamentos de viagens sem que os passageiros sejam informados.
“Há passageiros que compraram passagem no navio Liberdade por 3.669$00, Brava/Praia, mas depois viajaram no navio Sotavento cuja passagem é de 2.439$00 e nunca foram reembolsados pelo valor a mais, ou seja mais de mil escudos por cada passageiro”, exemplificou.
Clóvis Silva relatou ainda casos de passageiros que tiveram que comprar novo bilhete e que “nunca receberam o reembolso da sua passagem, pelo cancelamento da viagem”.
“Faltam produtos básicos na Brava como frango, óleo, açúcar, arroz, verduras, frutas e iogurte, e qualquer produto fresco não é mais adquirido pelos comerciantes para evitar que não cheguem ao destino sem condições de uso”, explanou.
A mesma fonte disse ainda que há dificuldade até de se embarcar malas e correspondências dos serviços Correios.
“É lamentável que esta situação esteja a ocorrer e este caos, que se tornou viajar para a Ilha Brava, só é da responsabilidade do Governo que o entregou a uma empresa que pouco se importa com as pessoas. Pouco se importa com Cabo Verde”, acusou Clóvis Silva.
Por tudo isto, disse, o PAICV apela para que o Governo “rescinda imediatamente” o contrato com a CVInterilhas, porque esta “não está e nem nunca esteve em condições” de gerir o transporte marítimo no país.
“Quem não tem condições de vir investir para depois ganhar não precisa vir a este país para explorar a pobreza e a dificuldade da nossa população para obter lucro”, finalizou.
GSF/AA
Inforpress/Fim