Brava: Treinador de kickboxing há 20 anos a tentar criar uma equipa de artes marciais na ilha

Ousmane Diouf é natural de Senegal, foi vice-campeão duas vezes em kickboxing e há 20 anos, reside e trabalha na Brava, onde o seu “maior sonho” desde que chegou foi criar uma equipa na modalidade.

Dec 4, 2019 - 04:19
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Brava: Treinador de kickboxing há 20 anos a tentar criar uma equipa de artes marciais na ilha

Ousmane Diouf é natural de Senegal, foi vice-campeão duas vezes em kickboxing e há 20 anos, reside e trabalha na Brava, onde o seu “maior sonho” desde que chegou foi criar uma equipa na modalidade.

Ousmane Diouf, em entrevista à Inforpress contou que sempre treinou nesta modalidade de artes marciais e no karaté.

Ao chegar na Brava, há 20 anos, veio com a ideia de que na ilha encontrava algum grupo que pudesse integrar nas artes marciais, mas como não encontrou, decidiu criar a sua própria turma, como forma de não ficar parado e de fazer as pessoas apaixonarem por outras modalidades desportivas que não fosse somente o futebol.

Entretanto, viu o seu sonho “desmoronar” quando não encontrou um espaço adequado e viu que na ilha, as pessoas não se interessam para outras modalidades com tanta facilidade.

Por falta de espaço, optou pelo kickboxing, porque, conforme explicou, o karaté é mais difícil, exige mais condições materiais, sala especial e como não possui meios para adquirir tudo o que esta modalidade exige, decidiu ensinar e praticar o que o espaço permite.

“A maioria das pessoas que frequentam as minhas aulas, mesmo que gratuitas, são professores oriundos de outras ilhas e alguns dos meus alunos que consigo demonstrar a importância da modalidade”, contou Ousmane Diouf um pouco desiludido.

Ainda assim, adiantou que a sua turma não passa de 12 alunos e somente cinco ou seis são fixos mesmo, porque, no caso dos professores oriundos de outras ilhas, quando encontram transferência têm de partir, deixando a lacuna.

Este entrave impede assim de ter um grupo estável e todos os anos, iniciam-se quase sempre do zero.

Neste momento, salientou que estão a treinar numa sala de aulas na Escola Secundária Eugénio Tavares, onde todos os dias têm de arrumar as cadeiras para arranjarem um pouco de espaço que lhes permitem treinar.

Além da falta de interesse por parte das pessoas e de um espaço, Ousmane Diouf contou também que não possui nenhum apoio e já tem 20 anos a ministrar treinos gratuitos.

Referiu que a Federação Cabo-verdiana de Karaté disse-lhe que caso tivesse um espaço poderiam apoiar em termos materiais, mas como não tem não foi possível e sem apoios, já desistiu de ver a ilha inserida no universo das artes marciais, continuando com os treinos somente para manter em forma e ensinar os que desejam aprender para mais tarde se dedicarem.

Questionado sobre a tentativa de começar pelas crianças, explicou que no início até tentou, mas, a sala era pequena, foi num polivalente e o número de crianças era incontrolável, acabando por desistir.

Em relação aos adultos, deixou claro que enquanto estiver na ilha, ou mesmo em outro lugar, vai sempre insistir com as pessoas, incentivando-os a treinarem outras modalidades.

“Sempre insisti com as pessoas em treinarem outras modalidades que não seja somente o futebol, até porque, este é limitado porque aos 30 anos acabam por abandonar a carreira e depois ficam nas bebidas e não avançam mais e as artes marciais enquanto estamos com vida e saúde treinamos até morrer”, finalizou.

MC/CP

Inforpress/fim