Brava: Uma mãe que abriu mão de lutar contra um cancro para dedicar ao seu filho e diz estar viva por milagre
Maria Fernandes, de 64 anos de idade, é mãe de quatro filhos e sempre foi mãe e pai para eles, apesar de desde os 17 anos possuir uma enfermidade nas duas pernas que são inflamadas.
Maria Fernandes, de 64 anos de idade, é mãe de quatro filhos e sempre foi mãe e pai para eles, apesar de desde os 17 anos possuir uma enfermidade nas duas pernas que são inflamadas.
Em 2013, diagnosticado um cancro no colo do útero, Maria Fernandes foi obrigada a parar três meses em tratamento na cidade da Praia e mais dez em Portugal.
Finalizando o seu tratamento e quase na altura de regressar para a sua casa, recebeu a notícia de que o filho mais novo, o André, em quem depositava toda a sua esperança que iria lhe dar uma vida melhor, porque sempre foi um aluno “dedicado e aplicado” indo para o quadro de honra todos os anos até o 12º, estava doente.
Conforme contou à Inforpress, ela não sabe, realmente, o que aconteceu e nem o que realmente ele tem.
“O que mais me deixa triste é não ter uma resposta do que aconteceu com o meu filho, porque quando viajei, o André ficou sã e veio adoecer quando já tinha terminado o 12º ano de escolaridade”, disse lamentando, acrescentando que quando aconteceu esta “tragédia” o seu nome já constava na lista para prestar o serviço militar, preparando para seguir novos rumos fora da ilha.
De acordo com Maria Fernandes, a dor tornou-se ainda maior, quando viu o seu filho ser internado no Hospital da Trindade por dois meses, sendo submetido a realização de vários exames e tratamentos, mas mesmo assim, alguns médicos dizem ser esquizofrenia, outros dizem não saber do que se trata.
Depois disso, de acordo com a mãe, o André ficou tomando medicamentos e foi-se controlando, até preparou para servir a missão na Igreja de Jesus Cristo dos Santos Últimos Dias, mas aproximando a época da partida, começou tudo de novo e não arriscou deixar o seu filho partir para longe dos seus cuidados.
Questionada sobre o seu dia-a-dia, tendo em conta que durante a entrevista, mesmo estando um pouco distante, foi possível notar a sua agitação, a mãe respondeu que é dentro do quarto.
“Toma os seus medicamentos, faz a sua higiene pessoal, canta, escreve poemas, faz leitura, até porque, no seu quarto há um conjunto de livros literários, religiosos, tanto em português como em inglês, mas, por alguns momentos ele irrita, fica gritando”, contou a progenitora, salientando que por algumas vezes, ele já agrediu-a.
Ao chegar no país e encontrar o filho no estado, começou o seu controlo no Hospital Agostinho Neto, fez uma parte dos exames que são obrigatórios na ilha Brava e uma outra parte era para ser feita na ilha do Fogo, mas esta não foi, porque não tinha com quem deixar o filho.
Conforme a mesma, não foi e está com a sua consciência tranquila, com a sua saúde e esperança depositada nas mãos de Deus. Porque, segundo ela, o seu filho é mais novo do que ela e tem muito para viver ainda e caso aconteça alguma coisa de pior com ela, Deus apresentará alguém para cuidar do seu filho.
Segundo a mesma, vivem da pensão social, apoios de algumas instituições e de pessoas individuais que a apoiam, e aproveita para agradecer a todos que lhes têm esticado a mão, porque nem ela e nem o filho trabalham.
Viviam em condições “precárias”, mas contou que a casa foi reabilitada pela câmara municipal, inclusive, já tem água canalizada, electricidade, o que lhe dá um pouco mais de segurança e conforto para o seu filho.
Para Maria Fernandes, estar vivo até hoje e não ter sentido mais nada desde 2013, é um milagre e é por isso, que no meio de tantas adversidades, cuida do seu filho com amor e dedicação, ensinando-lhe a ser confortado e consolado com o pouco que através de anjos em formas de pessoas Deus lhes tem presenteado.