Cabo Verde: Agências de Viagens e Turismo Proporão Táxis Aéreos para Melhorar Mobilidade entre Ilhas
As agências de viagens e turismo de Cabo Verde irão propor ao governo a introdução de táxis aéreos para resolver as constantes falhas de mobilidade entre as ilhas, agravadas pelos frequentes cancelamentos e atrasos da TACV. Marvela Rodrigues, presidente da AAVT, destacou a elevada demanda por voos inter-ilhas e a falta de assentos disponíveis, dificultando o turismo no arquipélago.
As agências de viagens e turismo de Cabo Verde irão apresentar ao governo, na próxima segunda-feira, uma proposta para introduzir táxis aéreos no país, como forma de “tentar resolver” as constantes falhas de mobilidade entre as ilhas.
“Vamos ouvir [do governo] o que pode ser feito para concretizar esta oportunidade de melhorar a mobilidade entre as ilhas, especialmente no que diz respeito ao turismo”, disse Marvela Rodrigues, presidente da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVT), à Lusa na quinta-feira.
Ela não deu mais detalhes sobre a proposta, mas afirmou estar ciente de outros dois projetos semelhantes (além da proposta da AAVT), que também pretendem aumentar as ligações aéreas no país.
As agências de viagens de Cabo Verde estão tomando a iniciativa num momento em que há cancelamentos persistentes, atrasos e remarcações por parte da empresa estatal Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), a única empresa que opera voos entre as ilhas do país.
Houve cancelamentos “dia sim, dia não”, com uma média de “três a quatro por semana”, em aviões com capacidade para 72 pessoas.
“É muito complicado gerir isso”, especialmente durante a alta temporada de férias em Cabo Verde, entre julho e setembro, quando há muita mobilidade entre as ilhas, especialmente entre turistas e emigrantes, afirmou.
A empresária enfatizou que os passageiros nem reclamam mais.
“Isto tem acontecido há anos e não estamos a ver melhorias”, lamentou, relembrando as promessas repetidas do governo para criar conexões confiáveis e regulares entre as ilhas, mas até agora sem soluções.
Marvela Rodrigues disse que há “muita demanda” por viagens aéreas entre as ilhas de Cabo Verde, mas não há lugares para vender.
“Muitas vezes, as mãos das agências estão atadas quanto à possibilidade de negócio”, afirmou, considerando que, nessas condições, não se pode falar de turismo em Cabo Verde, com exceção das ilhas do Sal e Boa Vista, que recebem voos charter internacionais.
A TACV anunciou há uma semana que iria receber outro avião para adicionar aos dois que utiliza nos voos domésticos.
No entanto, de acordo com plataformas públicas de voos na Internet, há apenas um avião a ligar as ilhas, com vários atrasos e cancelamentos.
A Lusa tem procurado esclarecimentos há semanas, mas não recebeu respostas da TACV ou do Ministério dos Transportes.
Investidores e parceiros têm apontado que a falta de uma estratégia para o setor de voos domésticos é uma limitação séria para o desenvolvimento de Cabo Verde, um arquipélago composto por nove ilhas habitadas com cerca de 500.000 habitantes.