Cabo Verde: Oposição alerta para situação crítica com escândalos e ausência do Primeiro-ministro
A oposição advertiu, hoje,15, que Cabo Verde atravessa um momento complexo, com a credibilidade externa em crise, escândalos envolvendo altos membros do Governo e um Primeiro-ministro ausente. O alerta partiu do vice-presidente, Nuías Silva, que, em encontro com a imprensa, informou que esta constatação saiu da reunião, desta quarta-feira, da Comissão Política Nacional (CPN), que recomendou o PAICV a reforçar o seu papel da fiscalização democrática ao Governo de Ulisses Correia e Silva e o arranque, em Abril próximo, do projecto «Ouvir Cabo Verde» pela líder nacional Janira Hopffer Almada.
A oposição advertiu, hoje,15, que Cabo Verde atravessa um momento complexo, com a credibilidade externa em crise, escândalos envolvendo altos membros do Governo e um Primeiro-ministro ausente. O alerta partiu do vice-presidente, Nuías Silva, que, em encontro com a imprensa, informou que esta constatação saiu da reunião, desta quarta-feira, da Comissão Política Nacional (CPN), que recomendou o PAICV a reforçar o seu papel da fiscalização democrática ao Governo de Ulisses Correia e Silva e o arranque, em Abril próximo, do projecto «Ouvir Cabo Verde» pela líder nacional Janira Hopffer Almada.
O porta-voz dos tambarinas realça que a CPN analisou a situação política nacional, tendo constatado a degradação da situação sócio-económica e das relações laborais em Cabo Verde. «A situação das famílias está a degradar-se, com os salários congelados, os preços dos bens essenciais (como a água e a luz) a aumentarem e os impostos sem nenhuma redução. Os jovens, a quem o MPD prometeu ‘ mundos e fundos’, estão completamente abandonados - sem emprego, sem isenção de propinas, com menos bolsas de estudo, com menos transporte escolar, com menos oportunidades de acederem a cargos na Administração Pública e sem perspectivas. Os trabalhadores estão a constatar que, afinal, a promessa de emprego digno foi metida na gaveta».
Para o PAICV, o mais grave é que não se vê o Primeiro-ministro, diante desta situação complexa com escândalos pelo meio e crise na credibilidade externa do país. «Cabo Verde está a passar por um período sensível e complexo . A credibilidade do País - um grande activo nos últimos anos - está em crise.Mensalmente, vêm ocorrendo escândalos, envolvendo as mais altas figuras da Governação. Tudo isso, perante uma completa ausência do Primeiro-Ministro que os cabo-verdianos escolheram», critica Nuías Silva, citando o comunicado final da Comissão Política Nacional.
O jovem político faz questão de fundamentar que é já a voz corrente nas ruas, que Cabo Verde está, neste momento, sem Primeiro-Ministro. «O Primeiro-Ministro eleito, Ulisses Correia e Silva, decidiu deixar o cargo de Primeiro-Ministro e se esqueceu de avisar os cabo-verdianos. O « Homem-Solução », Ulisses Correia e Silva – que deu a cara durante toda a campanha e prometeu Felicidade aos cabo-verdianos – insiste em se esconder e, sobre os problemas do país, ninguém sabe o que ele pensa, o que vai fazer e quais as medidas que vai implementar. Limita-se a aparecer apenas para cortar fitas, abrir palestras e fazer inaugurações», pontua o vice-presidente do maior partido da oposição.
Nuías Silva destaca também que Ulisses Correia e Silva é o primeiro e principal responsável pela Governação do país e que cabe a ele a dizer aos cabo-verdianos o que fez com as suas promessas de resolver os problemas dos cabo-verdianos e de lhes trazer felicidades. «Os Jovens esperam isso. As mulheres chefes de família esperam isso. Os trabalhadores esperam isso. Os agricultores esperam isso. Os Estivadores esperam isso. As Famílias cabo-verdianas esperam isso», lembrou.
Referindo-se ainda ao chefe do Governo, Silva acrescenta que o PM é o primeiro responsável pelos desmandos com favorecimentos a empresas que se registam no país. « O primeiro responsável pelos desmandos na Governação é o Primeiro-Ministro – Ulisses Correia e Silva - que já demonstrou que apoia e defende a prática de favorecimento das Empresas próximas do seu Partido e não está minimamente preocupado com os indícios de corrupção que começam a tomar conta do seu Governo».
Negócios com TACV e transportes marítimos
O vice-presidente do PAICV informa ainda que a CPN encara com preocupação a forma como vem sendo tratada a questão dos Transportes Aéreos e, particularmente, dos TACV. «Depois de todas as promessas de ‘solução mágica’ e imediata para os TACV, hoje o que se sabe é que os TACV foram desmantelados e estão em plena liquidação. O Governo do MPD já meteu dois milhões de contos na Transportadora Aérea Nacional (que já nem está a voar), os trabalhadores dessa Empresa não conhecem o seu futuro e o Hub Aéreo já foi transferido por Decreto para a Ilha do Sal», descreve, alertando que há quem esteja a ganhar com esse negócio que não seja Cabo Verde.
Segundo a mesma fonte, a Comissão Política Nacional do PAICV constatou, por outro lado, a tentativa - muito semelhante à ocorrida em 90 - de desmantelamento do sector dos Transportes Marítimos. «Há anúncios desencontrados de encerramento de Empresas, os concursos de Sub-Concessão de Portos continuam sem informações claras e os projectos herdados, como o terminal de Cruzeiros e Registro de Navios), continuam estagnados».
Por outro lado, a oposição diz que continua a encarar com profunda preocupação os efeitos da seca e do mau ano agrícola, no País. «Constatamos que o Plano de Mitigação não tem conseguido responder às necessidades da população do campo: nem aos agricultores, nem aos criadores de gado, nem às famílias mais vulneráveis».
Diante desta situação critica que se vive em Cabo Verde, a Comissão Política Nacional do PAICV exorta o Governo a planificar melhor as suas acções, a actuar com maior rapidez e a implementar medidas concretas, que sirvam para resolver os problemas das famílias cabo-verdianas.
Mais oposição e projecto ouvir Cabo Verde
A CPN recomenda o PAICV a desempenhar com determinação o seu papel de Oposição Democrática, com responsabilidade para servir Cabo Verde. « O PAICV fiscalizará a actuação governamental, denunciando todas as medidas que não protejam os interesses dos cabo-verdianos, e apresentará propostas alternativas, sobre matérias de interesse colectivo».
Na prossecução de tal objectivo, Nuías Silva anuncia que a líder Janira Hopffer Almada iniciará, no próximo mês de Abril, o projecto Ouvir Cabo Verde. « A Presidente do PAICV iniciará, no próximo mês de Abril, o Projecto ‘OUVIR CABO VERDE ‘, fazendo um périplo por todo o Cabo Verde, percorrendo as Ilhas e os Concelhos deste nosso País, para auscultar os cabo-verdianos, em geral, e conhecer, com maior profundidade, as suas expectativas e anseios. Tudo de forma a que o PAICV possa elaborar e apresentar propostas que, servindo os interesses de desenvolvimento estratégico, vão de encontro às expectativas das pessoas».
Nuías Silva termina a sua comunicação, informando que a Comissão Política Nacional saúda as iniciativas legislativas já entregues pelo seu Grupo Parlamentar à Mesa da Assembleia Nacional, nomeadamente o Projecto de Resolução que faz recomendações ao Governo sobre as Medidas a implementar para fazer face ao mau ano agrícola, o Estatuto do Trabalhador-Estudante e a Lei de Paridade do Género.