Caso de suposto tráfico humano: Familiares de crianças desaparecidas reclamam por respostas concretas ao assinalarem o Dia Internacional
Os familiares das quatro crianças da Praia que se encontram desaparecidas solicitaram hoje,25, às autoridades nacionais que lhes sejam dadas respostas concretas sobre as investigações em curso. Preocupados com esta grave situação, pedem também mais celeridade nas diligências em torno desta problemática que vem abalando a população de Cabo Verde, principalmente os residentes dos bairros onde tem ocorrido tais fenômenos e casos afins - Castelão, Achada Grande, Eugénio Limpa, entre outros.
Os familiares das quatro crianças da Praia que se encontram desaparecidas solicitaram hoje,25, às autoridades nacionais que lhes sejam dadas respostas concretas sobre as investigações em curso. Preocupados com esta grave situação, pedem também mais celeridade nas diligências em torno desta problemática que vem abalando a população de Cabo Verde, principalmente os residentes dos bairros onde tem ocorrido tais fenômenos e casos afins - Castelão, Achada Grande, Eugénio Limpa, entre outros.
O apelo foi formulado em declarações à Inforpress, a propósito do Dia Internacional das Crianças Desaparecidas que se assinala nesta sexta-feira (25 de Maio). Uma efeméride que tem por objectivo “recordar” as crianças que se encontram em situação de vulnerabilidade, em risco de exploração sexual, por terem sido raptadas e retiradas do seu ambiente familiar.
Um dos interlocutores da Inforpress, Vladmir Gonçalves, um militar no activo e pai da Edvânea Gonçalves, a criança do bairro Eugénio Lima desaparecida em Novembro de 2017, reconhece que tem havido “muita pressão” por parte da sociedade civil a propósito dos casos de desaparecimento registados ultimamente no país, e associa também, segundo disse, a sua ansiedade no sentido de se obter respostas para os casos pendentes.
No entanto, Vladmir Gonçalves afirma acreditar plenamente no trabalho que as autoridades vêm fazendo para conseguir respostas desejadas por todos.
Já os familiares dos dois primos, Clarisse Mendes (Nina) de 09 anos e Sandro Mendes (Filú) de 11 anos, ambos residentes no bairro de Castelão, e que se encontram desparecidos desde fevereiro deste ano de 2018, “desabafaram” que têm tido alguma dificuldade em conseguir saber junto das autoridades sobre o andamento das investigações.
Contudo, dizem “regozijar-se” com a atitude da imprensa que tem vindo a divulgar e a abordar com regularidade a questão das crianças desaparecidas na Cidade da Praia, “ainda que da parte das autoridades a resposta continua sendo a mesma: estamos a investigar”.
“As crianças estão desparecidas há três meses e até hoje não sabemos de nada, apenas … estamos a investigar e a seguir pistas…”, disse Arlinda Mendes Cabral (Isa).
Associações preocupadas com a situação
Entretanto, em declarações também à Inforpress a propósito da efeméride que hoje se assinala, Carmem Delgado, secretária executiva da Associação Crianças Desfavorecidas (ACRIDES), considera que o 25 de Maio (Dia Internacional das Crianças Desaparecidas) “é um dia de luta e uma oportunidade para se discutir a questão e ampliar a visibilidade dos casos sem respostas”.
Esse dia deve servir também às autoridades para reflectirem e pensarem em melhorar o sistema de protecção das crianças no país, frisou Carmem Delgado, que não pestaneje em sublinhar que “existe muita falha neste domínio”.
Conforme disse, “as famílias dos desaparecidos devem receber também maior atenção, o que não se tem verificado, enquanto que os casos vão caindo no esquecimento. Em termos práticos pouco se sabe ainda sobre as crianças desaparecidas”, sustentou.
Aproveitando esta oportunidade com a Inforpress, Carmem Delegado lançou também um apelo às famílias no sentido de terem maior cuidado com os seus filhos, “acompanhando-os sempre e não permitindo que permaneçam na rua até altas horas da noite”.
Por seu turno, a presidente da Associação das Famílias e Amigos das Crianças com Paralisia Cerebral (ACARINHAR), Teresa Mascarenhas, considerou também “muito importante” a efeméride, “particularmente num momento em que o país conheceu situações dolorosas face o desaparecimento de crianças”.
“É uma data em que devemos reunir para reflectir e traçar estratégias que nos ajudem a resolver os casos”, sublinhou, chamando a atenção das famílias pela responsabilidade que lhes cabe também na defesa dos seus filhos.
Nesse rol de desaparecimentos de crianças e adolescentes ocorridos particularmente na Cidade da Praia, o primeiro caso foi conhecido em Agosto de 2017, envolvendo Edine Soares, 19 anos, que deixou a sua casa em Achada Grande Frente, alegando que ia levar o bebé para o controlo no Programa Materno-Infantil (PMI), no bairro da Fazenda, sendo que até hoje, tanto a mãe como o filho continuam desaparecidos.
O Dia Internacional das Crianças Desaparecidas é assinalado em homenagem ao caso de Etan Patz, um menino de 6 anos que desapareceu nas ruas de Nova Iorque, enquanto voltava da escola, a 25 de Maio de 1979.
A efeméride tem ainda como objetivo alertar as pessoas sobre todas as questões relacionadas com o desaparecimento de crianças e adolescentes.
Nesta ocasião, várias instituições em prol dos direitos da criança, organizam actividades que visam mobilizar a população em geral na tentativa de solucionar os milhares de casos de jovens desaparecidos.
De acordo com o S.O.S Crianças Desaparecidas, estima-se que aproximadamente 50 mil jovens desapareçam por ano só no Brasil. C/Inforpress