Chefe de Estado crítico para com a abstenção de Cabo Verde à resolução da ONU sobre à crise Israel-Palestina
O Presidente da República estranhou a abstenção de Cabo Verde na votação da resolução aprovada sexta-feira na Assembleia Geral da ONU sobre o conflito entre Israel e considerou que o país sai prejudicado com este posicionamento.
“Cabo Verde é um país que defende a Carta das Nações Unidas, defende o direito internacional. O que estava em causa aqui era um cessar-fogo humanitário para abrir corredores de assistência humanitárias a civis, de modo que não entendi o posicionamento de Cabo Verde”, afirmou José Maria Neves esta tarde à imprensa.
É que para o mais alto magistrado da Nação “não se pode abster nestas condições, quando estão em causas direitos humanos, o cumprimento da carta das Nações Unidas, de modo que apelou para que haja mais concertação interna, sem timidez na busca de consensos e entendimentos e concertação nestes momentos cruciais.
Cabo Verde é um país útil, explicitou Neves, que defende a Carta das Nações Unidas e os direitos humanos, respeitado pela sua seriedade e coerência, razão pela qual considerou que “claramente o país sai prejudicado com este posicionamento nas Nações Unidas”
Já num post publicado na sua página do Facebook, cuja estranheza foi reforçada esta tarde em conferência de imprensa, José Maria Neves mostrou a sua preocupação para com as vítimas deste conflito entre Israel e o Hamas, considerando que “não se pode abster quando o assunto é o diálogo, a paz e o direito humanitário.”
O chefe de Estado disse que “o mundo deve basear-se em regras. Somos humanistas e respeitamos intransigentemente os direitos humanos!”
O Presidente da República realçou no seu post que, desde o primeiro momento, tanto condenou o vil ataque de 07 de Outubro, pelo Hamas, como vem a chamar a atenção para que a resposta de Israel não fosse “desproporcionada” e que respeitasse o direito internacional, sobretudo, o direito humanitário.
José Maria Neves diz ter estado a apelar à solução negociada deste conflito de décadas, apontando o reconhecimento de “dois Estados Independentes que se respeitem mutuamente e convivem pacificamente no concerto das nações” como a única solução possível que, aliás, “já desenhada em muitas das resoluções das Nações Unidas”.
Ainda sobre a resolução das Nações Unidas, esta partiu de uma proposta da Jordânia e apela a “tréguas humanitárias imediatas, duradouras e sustentadas que conduzam à cessação das hostilidades”.
A resolução exige ainda o cumprimento do direito internacional humanitário de todas as partes, Israel e Hamas, e a garantia “do fornecimento contínuo, suficiente e desimpedido de suprimentos e serviços essenciais na Faixa de Gaza”.
Também solicita “à libertação imediata e incondicional” de todos os civis detidos, bem como exige a sua segurança, bem-estar e tratamento humano em conformidade com o direito internacional.