China diz que tomará medidas após Trump ameaçar aplicar mais 50% em taxas

A China ameaçou “tomar resolutamente contramedidas para salvaguardar os seus próprios direitos e interesses”, em resposta à ameaça do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma taxa adicional de 50% sobre os produtos chineses.

Apr 8, 2025 - 05:46
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China diz que tomará medidas após Trump ameaçar aplicar mais 50% em taxas

Em comunicado, o Ministério do Comércio disse que a imposição pelos EUA das “chamadas ‘tarifas recíprocas’” à China é “completamente infundada e é uma prática típica de ‘bullying’ unilateral”.

A China tomou medidas de retaliação e o ministério deu a entender que mais estão para vir.

“As contramedidas tomadas pela China têm como objetivo salvaguardar a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento e manter a ordem normal do comércio internacional. São completamente legítimas”, lê-se no comunicado.

“A ameaça dos EUA de aumentar as taxas sobre a China é um erro em cima de um erro e mais uma vez expõe a natureza chantagista dos EUA. A China nunca aceitará isso. Se os EUA insistirem nesse caminho, a China lutará até ao fim”, apontou.

Trump ameaçou impor taxas adicionais sobre os produtos oriundos da China na segunda-feira, levantando novas preocupações de que seu esforço para reformular o comércio global pode intensificar uma guerra comercial financeiramente destrutiva. Os mercados bolsistas de Tóquio a Nova Iorque afundaram nos últimos dias.

A ameaça de Trump surgiu depois de a China ter afirmado que iria retaliar contra as taxas norte-americanas.

“Se a China não retirar o seu aumento de 34% que vem em cima dos seus abusos comerciais já de longa data até amanhã, 08 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas ADICIONAIS à China de 50%, a partir de 09 de abril”, escreveu Trump no Truth Social.

“Além disso, todas as conversações com a China relativamente às reuniões que solicitaram connosco serão terminadas!”, avançou.

Se Trump concretizar esta ameaça, as taxas dos EUA sobre os produtos chineses atingiriam um total de 104%. Os novos impostos seriam adicionados às taxas de 20% anunciadas como punição pelo tráfico de fentanil e às taxas separadas de 34% anunciadas na semana passada.

Esta medida não só poderia aumentar os preços para os consumidores norte-americanos, como também poderia incentivar a China a inundar outros países com produtos mais baratos e a procurar relações mais profundas com outros parceiros comerciais, nomeadamente a União Europeia.

Durante o seu primeiro mandato, Trump gabou-se frequentemente dos ganhos da bolsa e a ameaça de perdas em Wall Street era vista como potencial barreira contra políticas económicas arriscadas no seu segundo mandato. Mas não é esse o caso, e Trump descreveu as recentes perdas financeiras como necessárias.

“Não me importo de passar por isto porque vejo uma bela imagem no final”, disse.

Os funcionários de Trump têm aparecido frequentemente na televisão para defender as suas políticas, mas nenhuma das suas explicações acalmou os mercados.

A China é um dos principais parceiros comerciais dos EUA, especialmente no que diz respeito aos bens de consumo, e as taxas acabarão por ser transferidas para o consumidor.

O Presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, alertou na sexta-feira para o facto de as taxas poderem aumentar a inflação e afirmou que “há muito que esperar e ver, incluindo nós”, antes de serem tomadas quaisquer decisões.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia vai concentrar-se no comércio com outros países além dos Estados Unidos, dizendo que existem “vastas oportunidades” noutros locais.

Inforpress/Lusa