CV Interilhas recusa polémicas sobre ligações marítimas em Cabo Verde
O administrador-executivo da CV Interilhas, desde Agosto com a concessão do transporte marítimo em Cabo Verde, admite que há aspectos a melhor, mas lamenta a “polémica” muitas vezes “injusta” envolvendo a empresa, liderada pela portuguesa Transinsular.
O administrador-executivo da CV Interilhas, desde Agosto com a concessão do transporte marítimo em Cabo Verde, admite que há aspectos a melhor, mas lamenta a “polémica” muitas vezes “injusta” envolvendo a empresa, liderada pela portuguesa Transinsular.
A CV Interilhas já transportou desde 16 de Agosto 140.000 passageiros entre todos as ilhas de Cabo Verde, acima das expectativas iniciais, mas tem sido visada por críticas da oposição à alegada falta de transparência na atribuição da concessão, por 20 anos, e por sistemáticas queixas, sobretudo nas redes sociais, de passageiros descontentes com o serviço.
“Acreditamos muito neste projecto, que é muito inteligente e sem qualquer conotação política e que, acho, tem condições para servir melhor a população. É isso que nos atrai e estimula todos os dias, apesar de tanta polémica, muitas vezes, consideramos, um pouco injusta. Mas que temos de as ouvir e tentar aprender com elas [queixas] ”, apontou o administrador-executivo da CV Interilhas, Paulo Lopes.
A nova sociedade que gere a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, conforme concurso lançado no final de 2018 pelo Governo cabo-verdiano, é liderada pela portuguesa Transinsular (do grupo ETE), que detém uma quota de 51% da CV Interilhas. Os restantes 49% são detidos por armadores cabo-verdianos, que também fornecem navios para garantir as ligações.
Em entrevista à Lusa, o responsável admite que “ainda há muito para melhorar” neste novo modelo, que conta com cinco navios afretados pela CV Interilhas, sobretudo a armadores cabo-verdianos, mas lamenta as queixas.
“É uma questão que nos colocamos todos os dias. A leitura que fazemos disso tem a ver, provavelmente, com as expectativas do utilizador, do cliente. Nós estamos em crer que houve uma grande melhoria do serviço, ao nível da pontualidade, do número de ligações. Fazemos mais do que estavam a ser feitas anteriormente e para ilhas que não estavam servidas antes”, explicou.
Para Paulo Lopes, o mais importante é “saber aprender com essas reclamações”.
A CV Interilhas vai receber uma compensação de 3,3 milhões de euros do Estado cabo-verdiano em 2020, para suportar os custos com as ligações deficitárias que actualmente assegura.
“Cremos que sim, que é suficiente. Porém, ainda é um pouco cedo para avançar conclusões”, admitiu Paulo Lopes, assumindo que das várias linhas que actualmente asseguram, há duas “com resultados positivos que compensam todas as outras”.
“Uma vez que o nosso resultado operacional tem sido bastante superior ao que estava projectado, digamos que estamos confortáveis com esses valores [da compensação do Estado]”, admitiu.
A Lusa noticiou em Outubro que o Governo prevê gastar mais 11,5% em subsídios pagos através do Orçamento do Estado no próximo ano, face a 2019, aumento justificado com o reforço na compensação às linhas de transporte marítimo que são deficitárias.
A informação consta da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2020, prevendo uma dotação orçamental total de 645 milhões de escudos (5,8 milhões de euros) para subsídios.
Trata-se de um aumento de 11,5% face à estimativa da execução do orçamento de 2019, justificado nesta proposta, “essencialmente pelo aumento da verba prevista para fazer à indemnização compensatória das linhas marítimas deficitárias”.
Essa compensação, que em 2020 subirá para 368 milhões de escudos (3,3 milhões de euros), representa um aumento superior a 22% face a 2019, e terá financiamento através de receitas consignadas ao Fundo Autónomo do Desenvolvimento e Segurança dos Transportes Marítimos.
Inforpress/Lusa