David Lima Gomes, a favor do Dia Nacional da Morna
A morna é um ativo importante deste pais que se expandiu pelos quatro cantos do mundo e um género musical que une os Cabo-Verdianos e que está no fundo da alma e do coração de todos quer no Pais como na nossa vasta diáspora.
Intervenção no do projeto de Lei da instituição do dia Nacional da Morna.
Sr. Presidente da Assembleia;
Sr. Ministro do Estado dos Assuntos Parlamentares, da Presidência do Concelho de Ministros e do Desporto;
Sr. Ministro da Cultura e das Industria Criativas;
Senhoras e senhores Deputados.
A nossa intervenção vem no sentido de expressar o apoio da nossa bancada parlamentar a este projeto de Lei.
A morna é um ativo importante deste pais que se expandiu pelos quatro cantos do mundo e um género musical que une os Cabo-Verdianos e que está no fundo da alma e do coração de todos quer no Pais como na nossa vasta diáspora.
Cabo verde é um país conhecido la fora também pelas suas lindas mornas que foram eternizadas nas vozes de excelentes interpretes e instrumentistas como sejam a nossa diva Cesária Évora, Bana, Ildo Lobo, Titina Rodrigues, Celina Pereira, Fernando Queijas, Paulino Vieira, Tazinho, Bau, Tito Paris, Gardénia Benros, Nancy Vieira, Albertino, Zequinha, Sãozinha Fonseca, Maria Alice Simentera, entre vários outros.
Por outro lado vários são os compositores que escreveram, cantaram e tocaram a morna no Pais e que deixaram um legado importante para as várias gerações de Cabo Verdianos, que de entre outros, destacamos alguns, como Eugénio Tavares, Nho José Medina, Manuel de Novas, Pedro Cardoso, Jota Monte, Humbertona, Dany Silva, Luís Rendal, o nosso ex colega Betu, entre vários outros, que passaríamos muito tempo a elenca-los.
È um género Musical que expressa vários sentimentos que vem na alma do Cabo verdiano e que faz questão de exterioriza-los.
Canta e exalta o amor, como escreveu Eugénio Tavares, um dos maiores poetas, músico, instrumentista que escreveu na musica Força di Cretcheu « Ca tem nada nes bida mas grande qui amor, si Deus ca tem midida amor inda é maior».
Canta a Saudade expressa na conhecida música « Quem mostrabu es caminho longe. Sodade, sodade di nha terra S, Nicolau»
Chama a atenção pela beleza das crioulas das Ilhas como diz a morna «bu odju é preto é doce, bu boca al ser meu, bu corpo m sta odjal, nhor des djuda quim bem conchel»
Canta a dor da partida e da separação e a alegria do regresso como está bem vincada na música Hora di bai hora di dor. Si bem é doce, bai é maguado, ma si ca badu ca ta birado».
Exalta a beleza das nossas ilhas e as qualidades das suas gentes como cantou Betú « Maio nha terra é sab nha gente ca conche nenhum maldade, ou o hino à Boa Vista do Djidjung. Ai Boa Vista Nha terra, sol ta nice m ta pensa na bo»
Chora a morte e a separação definitiva como escreveu Luis Lima e cantou o saudoso Bana, « quem quim ama já dezem adeus, alel ta bai na arca azul sem pode pode oia nhas lagrimas».
Expressa a diversidade cultural, económica, social que tem estes dez grãozinhos de terra como alguém cantou, Na quel dia festa m cre cola S. João na Picos, m cré batuque na Ribera Julião. Vulcão na Praia Santa Maria, Vale di Paul na Boavista, morna nho Eugénio na nho S. Nicolau.
A instituição do dia nacional da morna, como se pretende com este projeto de lei, que hoje se apresenta neste parlamento tem como principal objetivo chamar a atenção da sociedade cabo-verdiana, para a valorização da Morna e homenagear os criadores e os intérpretes da Morna.
Pensamos que não se podia escolher melhor dia, 3 de Dezembro, dia do nascimento do grande poeta Francisco Xavier da Cruz, mais conhecido por alcunha de B´Leza.
B´Leza foi um dos mais proeminentes compositores opinião que vários artista, compositores, poetas são unanimes em reconhecer.
As dezenas de mornas que escreveu, como Lua nha testemunha, Reza pa mi nha Cretcheu, Odjinho maguado, Eclipse, Miss Perfumado, Resposta de Segredo cu mar, foram e são cantadas por consagrados interpretes e instrumentistas.
B´Leza nasceu em S. Vicente, passou pelo Liceu nos primeiros anos da década de 1920, tendo depois enveredado pelo funcionalismo público, tendo trabalhado nas ilhas do Fogo, Santiago e S. Vicente, sua ilha natal.
Como compositor, o período verdadeiramente significativo e mais fecundo foi iniciado nos primeiros anos da década de 1930, em que se fixou em S. Vicente.
B´Leza marca uma nova época e uma inovação na forma de tocar a morna com a introdução do acorde de transição, vulgarmente chamado meio tom, fruto da influencia da música brasileira, na altura muito presente em S. Vicente.
Estamos convencidos que a instituição do dia nacional da Morna trará um grande contributo para a elevação deste género musical a Património imaterial da humanidade pela UNESCO, processo esse que está em curso.
Para isso é nossa firme convicção que devemos começar pela casa, isto é, instaurar o dia nacional da morna, que certamente será um elemento impulsionador neste processo.
Portanto é caso para se dizer:
Sr. Presidente;
Srs membros do Governo:
Caros colegas
Nu canta morna;
Nu badja morna;
Nu celebra morna
Viva nos Morna.
Muito obrigado!