Depois de 12 anos, jovens de Lomba Tantum lembrados só em 2024 - Helder Helly Lobo

A obra, que se tornou o principal símbolo da campanha eleitoral de 2024 para a localidade, é vista por muitos como uma resposta tardia às necessidades da juventude local, que, segundo relatos, foi ignorada por mais de uma década.

Desde 2012, a juventude de Lomba Tantum sentiu-se esquecida pelas autoridades. Em um período de mais de 12 anos, a falta de infraestruturas e oportunidades levou muitos jovens a buscar alternativas em outras partes da ilha, em busca de melhores condições para praticar desporto e desenvolver suas habilidades.

Entretanto, em 2020, o Ministro do Desporto, Elísio Freire, fez uma promessa que reacendeu a esperança na comunidade. Ele se reuniu com os jovens da Lomba e, em um ato simbólico, anunciou que uma placa seria colocada no local onde a obra do polivalente seria iniciada. A expectativa era de que, finalmente, o concurso público para a construção fosse lançado, com financiamento já garantido para a execução do projeto.

Porém, a realidade mostrou-se bem diferente do esperado. Apesar de o anúncio ter sido feito há quase quatro anos, as obras só começaram e concluídas em 2024. Muitas dúvidas surgem agora sobre o destino dos recursos públicos, especialmente após a Câmara Municipal recorrer a um empréstimo junto ao Banco para financiar o projeto. O questionamento mais recorrente entre a população é sobre o uso do dinheiro que deveria ser destinado a melhorias concretas para a comunidade. Onde está o montante prometido pelo Ministro Elísio Freire? O que foi feito com os fundos até agora?

O que muitos acusam é a falta de transparência na gestão desses recursos, associada a alegações de corrupção e desvios. Faltam provas concretas, mas o clima de desconfiança é palpável, e a população começa a perder a fé nas promessas políticas. O projeto do polivalente, que inicialmente era visto como uma grande vitória, acaba por se tornar um símbolo de frustração, já que a obra foi concluida tardiamente e com suspeita de desvios de fundos.

A Câmara Municipal da Brava, por sua vez, tem se mostrado incapaz de cumprir suas promessas. Segundo muitos moradores, o apoio à juventude local sempre foi superficial, e as medidas adotadas para incentivar os jovens a participar da vida política e social são insuficientes. A principal crítica é que, apesar de alegadas melhorias e promessas de desenvolvimento, as comunidades mais carentes continuam a ser marginalizadas. A dúvida que paira no ar é: se a Câmara Municipal vencer as eleições, quais serão os projetos reais voltados para os jovens da Lomba? Haverá algum planejamento estratégico para garantir que o futuro da juventude local seja mais promissor do que foi no passado?

Em uma localidade onde muitos jovens vivem em condições precárias, o simples fato de construir um polivalente, sem o devido acompanhamento e sem um plano de ação de longo prazo, parece ser insuficiente. "Nós gostamos de jogar bola, mas queremos mais que isso. Precisamos de uma estrutura que nos permita desenvolver não só o desporto, mas também outras áreas, como educação, cultura e emprego", afirma um jovem morador de Lomba.

Em meio a todas essas incertezas, o apelo por mudanças se intensifica. A juventude de Lomba Tantum quer mais do que promessas vazias. Querem ação concreta, que envolva não só a construção de uma obra desportiva, mas também projetos que impactem diretamente sua qualidade de vida. "Já esperamos demais. Agora é a hora da mudança", diz outro morador.

O dia 1º de dezembro se aproxima, e com ele, as eleições municipais que podem determinar o futuro de Lomba Tantum. A população, especialmente os jovens, tem em mãos o poder de decidir. O apelo é claro: votem consciente, pensando no futuro de seus filhos, netos e de toda a comunidade. Lomba Tantum merece mais do que apenas um polivalente. Merece oportunidades reais de crescimento e desenvolvimento para todos os seus cidadãos.

Agora, a questão que fica é: as promessas serão cumpridas, ou Lomba Tantum continuará sendo palco de discursos vazios e de promessas não cumpridas? O futuro da juventude local depende, mais do que nunca, de uma escolha consciente e responsável nas urnas.