Deputado Clóvis Silva lamenta a situação “extremamente grave” que a ilha vive
Em comunicado enviado à Inforpress, Clóvis Silva manifestou o seu mais “profundo sentimento de tristeza e consternação”, pela situação da ilha Brava resultante dos números divulgados pelo Diagnóstico Social desta ilha através de um estudo feito pelas câmaras de Oeiras, Portugal, e a da Brava.
Clóvis Silva afirmou que após a apresentação do último diagnóstico social da ilha Brava, Cabo Verde é despertado para dados “jamais vistos” neste país.
“Uma ilha que há muito dá inegáveis sinais de retrocesso a todos os níveis, a ponto de nenhum sector analisado ter tido resultados minimamente positivos”, disse.
Referiu que este diagnóstico indica que esta ilha tem vindo a beneficiar de “evoluções significativas” na qualidade de vida, nomeadamente, no acesso à educação, ao apoio social, ao saneamento e a acessibilidades.
Contudo, esses melhoramentos, conforme apontou, parecem não ter sido “suficientes” para levar a dinâmicas de crescimento populacional que se verificam no arquipélago, já que esta ilha tem vindo a perder população consistentemente, com a pirâmide a estreitar-se nas faixas etárias jovens.
Ou seja,considerou que o desenvolvimento propalado para a ilha Brava não tem tido senão “resultados negativos” a nível demográfico, perdendo a sua população a um ritmo próximo das 50 pessoas por ano.
“Isto é uma clara reprovação das políticas públicas, quer locais, quer nacionais dirigidas à ilha Brava. E nas palavras do próprio documento, que porta o símbolo do Município da Brava, os jovens parecem ter poucas oportunidades de emprego e a perceção dos participantes é de que o número de comportamentos delinquentes tem aumentado, devido à escassez de oportunidades e actividades destinadas aos jovens”,precisou.
A mesma fonte acrescentou ainda neste aspecto “falhanço” das políticas para a juventude, economia, emprego e formação profissional, em toda linha.
Lembrou, por outro lado, que o presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, no dia do município desta ilha, em entrevista à inforpress, disse que os ganhos são “incontestáveis, incontornáveis e significativos” em todas as áreas”.
Considerou que esta declaraçãoo se trata de um “enorme equívoco”, deixando transparecer que se está a governar a ilha sem dados, indicadores e sem metas, numa navegação à vista, sem pôr as pessoas como prioridades.
Prosseguiu, sublinhando que é a prova do resultado “desastroso” de uma governação que teve 12 doze anos para provar a sua competência.
“Este encontra-se, agora, a braços com dados que provam que a Câmara Municipal da Brava, não protege as crianças, não apoia as mulheres, não dá alternativa aos jovens, pois o acesso ao desporto é escasso, o número de actividades culturais é diminuto, não há apoio à sociedade civil, tendo o associativismo bravense desaparecido no mar da amargura”, lamentou.
A nível económico, Clovis Silva acrescentou ainda que a prova da sua incompetência governativa local é “cristalina”, e que o próprio diagnóstico social já apontou, referindo que o Produto Interno Bruto per capita da ilha, em 2017 era de 227 817 escudos, o segundo mais reduzido do arquipélago e quase 100 000 escudos abaixo da média nacional,segundo este estudo.
A nível da educação afiançou que o abandono escolar é “marcante”, sendo de 20% no ensino básico e de cerca de 33% no ensino secundário, e de 50% na faixa etária entre os 15 e os 19 anos, e que isto demonstra-se um retrocesso de mais de 20 anos.
Com os resultados confirmados pela Câmara Municipal da Brava, que não só os aceitou como nele apôs o seu nome,este deputado nacional sublinhou que toda a equipa camarária deveria, sem exceção, pedir demissão imediata, e não se apresentar às próximas eleições de renovação do mandato, por absoluta “incompetência”.
Por fim, lamentou mais uma vez que esta ilha está cada ano mais pobre e que a única solução tem sido a emigração, vista por todos os que se vão, como a única esperança de um futuro melhor.
De realçar que este diagnóstico amplo, conduzido por uma entidade técnica, contou com a participação de 26 entidades, incluindo classes profissionais, associações, escolas, mais 52 pessoas individuais e 32 parceiros sociais.
Teve como um dos objectivos essenciais, segundo este político, traçar um ponto de situação da ilha Brava, através de um diagnóstico comunitário resultante de uma parceria internacional, entre os Municípios de Oeiras e da Brava, analisando os setores da Educação, Saúde, Acção Social, Agregados Familiares, Desporto e Transportes.
Inforpress