Deputado do MpD, David Gomes, volta a falar da questao do isolamento da ilha Brava
SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL
SENHOR MEMBRO DO GOVERNO
ESTIMADOS COLEGAS DEPUTADOS
Permitam-me, mais uma vez utilizar este púlpito da Casa Parlamentar, para trazer uma questão que continua a criar sérios constrangimentos e a afectar a Brava.
Não são poucas as vezes que este assunto foi trazido a esta casa, contudo sem uma solução que de responda as legitimas aspirações da população daquela Ilha.
Trago mais uma vez a questão dos transportes, pois o isolamento da Ilha é uma questão que não foi resolvida e continua uma realidade.
Sabendo que o único meio de transporte que liga a Brava ao resto do Pais, é o Navio Liberdade da Cabo Verde Fast Ferry, este é desviado semanalmente das linhas Brava/Fogo/Praia com destino às ilhas de S. Nicolau e S. Vicente deixando a rota desta zona sul do Pais descoberta.
A Brava fica 4 dias sem ligações com a Cidade da Praia, e 3 dias, com a vizinha Ilha do Fogo, com todos os transtornos daí advenientes.
Se acontecer alguma emergência ou casos em que as pessoas terão que ser evacuadas rapidamente, é certamente um Deus nos acuda, pois a ilha não possui outros meios para o efeito.
Os helicópteros prometidos, inclusive pelo Sr. Primeiro Ministro, nas campanhas de 2011, para acudir a situações de urgência, não passaram disso mesmo. Promessas que já se sabia de antemão que este governo não ia cumprir, aliás como muitas outras.
Meus senhores é em nada dignificante a forma como os doentes da Brava, alguns em estado grave, são transportados neste Navio, pois são evacuados em macas, no porão, junto com mercadorias e animais, ou então em carroçarias de camiões que fazem o transporte de cargas e mercadorias para a Ilha.
Não vamos falar de outras questões como as tarifas praticadas por esta companhia que em cerca de 5 anos de operação nos portos de Cabo Verde atingiram aumentos na ordem dos 300%.
Não vamos falar, igualmente, de um autentico desrespeito para com os passageiros, pois quando decidem em não viajar num dia a companhia não reembolsa o valor dos bilhetes e nem permite que paguem uma taxa suplementar para poderem viajar em outras ocasiões.
Como Bravense que sou e preocupado, sempre, com questões da Ilha, fico perplexo, as vezes, com as condições em que opera o Liberdade.
Com viagens semanais às ilhas de S. Nicolau e S. Vicente, os bravenses estão receosos que o Liberdade venha a ter o mesmo destino do Kriola e do Praia de Aguada. Amarrados em S. Vicente sem se poderem fazer ao mar.
Só a título de exemplo numa viagem de 35 minutos da Furna até o Porto de Vale dos Cavaleiros, nesta passada Segunda Feira, o Liberdade parou 3 vezes no alto mar, quando a questão da segurança dos nossos navios está na ordem do dia em Cabo Verde.
Depois de remediado o problema zarpou para o Porto da Praia, e ainda se encontra aqui na Praia sem data para regressar a Brava.
Esta situação da falta de transporte causou transtornos a emigrantes que estão na Ilha de férias e que tinham voo de ligação para os Países de acolhimento, estando ainda na Brava, correndo o risco de perderem os respectivos trabalhos.
Igualmente turistas ficaram retidos na Ilha sem poderem sair, com problemas de chegarem a outros destinos e aos respectivos países.
A tripulação queixam de excessivas horas de trabalho, pois nos dias que deslocam ao Norte do pais trabalham 30 a 35 horas seguidos, sem descanso sabendo que o navio não tem as condições para tal.
Sr. Presidente, Senhores Deputados,
Creio que neste momento nem vale a pena, uma vez mais pedir alternativa aos transportes marítimos para a Ilha.
Já la vão 15 anos que os Bravenses esperam, pelo menos, para um estudo para a nova localização do aeródromo na Ilha.
No fim da legislatura parece-nos ser fastidioso trazer esta questão que recorrentemente, temos alertado e chamado a atenção para este facto nesta casa parlamentar.
Certamente um Governo com mais sensibilidade, com perspectivas de um desenvolvimento harmoniosos do Pais e de todas as ilhas, que saíra das próximas eleições de 20 de Março dará, uma atenção a esta que é questão importante para o desenvolvimento e o desencravamento da Ilha.
Meus senhores e minhas senhoras
No fim desta VIII legislatura nos invade o sentimento de alguma amargura e uma certa frustração ao saber que várias questões trazidas a este parlamento por nós e prometidas durante certos períodos não foram resolvidas.
A questão dos transportes é uma delas, mas podíamos falar do desemprego, com enfoque na Camada Jovem, de mais bolsas de estudo para alunos que terminam o 12º ano, da formação profissional, da construção e ampliação do Liceu Eugénio Tavares, de melhor prestação dos cuidados de saúde e remodelação da Delegacia local, de mobilização de mais água para consumo e agricultura, da construção da esquadra policial e mais meios para intervenção da Policia, de melhores condições de trabalho para os magistrados e para o funcionamento da justiça, de mais intervenções em habitações sociais degradadas, de intervenções nas redes viárias para o desencravamento de localidades, entre outros, pois a lista é longa.
É caso para se dizer e parafraseando o nosso grande Poeta Eugénio Tavares «Es prometeno Nabiu na Mar e es manda danu Lantcha ncadjado».
Contudo é nossa firme convicção e acreditamos piamente que dias melhores estarão reservados para a ilha que tanto amamos.
Tenho dito
Muito obrigado.
Assembleia Nacional, 28 de Janeiro de 2016.
David Lima Gomes
Deputado da Nação