Atlantic Shipping compra navio que vinha ligando EUA e Cabo Verde
A Atlantic Shipping Company, propriedade de cabo-verdianos nos Estados Unidos da América e Cabo Verde, comprou o navio Agena que vinha fazendo a ligação marítima entre os dois países, para a empresa, há quatro anos, mas em regime de leasing. O barco foi agora baptizado com o nome de Atlantic Express.
A Atlantic Shipping Company, propriedade de cabo-verdianos nos Estados Unidos da América e Cabo Verde, comprou o navio Agena que vinha fazendo a ligação marítima entre os dois países, para a empresa, há quatro anos, mas em regime de leasing. O barco foi agora baptizado com o nome de Atlantic Express.
Conforme informações avançadas pelo presidente do Conselho de Administração (PCA) da Atlantic Shipping, Victor De Pina, “a compra foi efectuada no dia 15 de Dezembro quando o Agena ainda estava na viagem de regresso de Cabo Verde para os EUA, mas só agora foi anunciada.
“Uma vez aqui, fizemos todo o processo de documentação, troca de registo, etc., e demos ao navio o nome de Atlantic Express”, esclarece.
De Pina lembra que a companhia vinha operando com o Agena há quatro anos em regime de arrendamento (leasing) e explica a motivação por detrás da compra.
“Quando nos inteiramos, no ano passado, que iam colocar o barco à venda decidimos comprá-lo. Caso contrário, outras pessoas poderiam adquiri-lo e ficaríamos sem navio”.
Linha marítima completa 28 anos de existência
A compra do barco, garante, é essencial para a sobrevivência da empresa e dessa linha marítima para Cabo Verde que vai completar 28 anos no próximo 17 de Fevereiro.
O navio, conforme atesta De Pina, reúne as condições “exigidas” para atracar nos portos das ilhas do Fogo e Brava devido ao comprimento do cais, profundidade das águas, dimensão da grua, entre outros aspectos.
“Desde 1995 quando criamos a Atlantic Shipping, fizemo-lo com o objectivo de operar em quatro portos. A aquisição deste navio nos dá a garantia de que nos próximos 10 a 15 anos teremos meios para continuar a ir às ilhas de Fogo e Brava e obviamente São Vicente e Praia, também. Portanto, continuar nos mesmos módulos que temos estado a trabalhar nos últimos 28 anos”, informou.
Servir a comunidade
“O nosso objectivo, a nossa paixão é servir esta comunidade para que não perca essa ligação directa. A única companhia que iniciou assim e ainda está assim é a Atlantic Shipping. Também queria lembrar que vamos completar 174 viagens ida e volta para Cabo Verde. Para algumas pessoas isso pode parecer insignificante mas é razoável. Antes de nós houve uma outra empresa que operou nessa linha mas fez pouco mais de 30 viagens”, recorda.
Este empresário cabo-verdiano destaca assim o contributo “muito importante” que a empresa tem dado para a economia de Cabo Verde e, em especial, para os familiares dessa comunidade emigrada na América.
“A Atlantic Shipping é apenas um participante, um colaborador, uma peça dessa maquinaria de ajuda a Cabo Verde (…) E digo isso a todo o mundo: não é só a pessoa que recebe um bidão que fica beneficiado. Aquele que tem uma carrinha que leva o beneficiário do interior do Fogo, para a cidade de São Filipe; é aquele táxi que o leva a Vale dos Cavaleiros; é o outro que tem uma carrinha que ajuda a levar o bidão a casa… é toda a sociedade que se beneficia, até pessoas tidas como ricas, e que não receberam nada dos EUA. Porque há centenas de vendedeiras do Sucupira que vão da Praia para o Fogo à procura de comprar mercadorias chegadas da América e vão vender esses produtos na cidade da Praia… portanto toda a camada social, de uma maneira ou de outra fica beneficiada”, argumenta.
30 mil bidões só em 2022
O próprio Estado, diz, também sai beneficiado.”São milhares de pessoas que sobrevivem sem depender do trabalho ou ajuda do Estado, são transportes terrestres, táxis… pessoas de negócios que compram produtos originários da América para revender em suas lojas, enfim é um impacto enorme”, atesta o PCA da Atlantic Shipping.
Victor De Pina avança que só no ano 2022, sem contar com “milhares de caixas, centenas de carros e contentores, a Atlantic Shipping transportou mais de 30 mil bidões. “Já imaginam quantas pessoas foram positivamente beneficiadas com isso? São milhares. E isso nos dá coragem para continuarmos com essa linha por muitos anos”, garante.
Capacidade para 167 contentores, numa viagem de 12 dias
O navio tem capacidade para transportar 167 contentores, mais carros e outros tipos de cargas, e navega a uma velocidade de 10 nós por hora. Recorde-se que “nó” é uma unidade de medida de velocidade equivalente a uma milha náutica por hora, ou seja 1,852 km/h.
Dos EUA para Cabo Verde, o empresário avança que o navio faz uma média de 12 dias de viagem, dependendo das condições climáticas. O navio tem duas gruas de 30 toneladas cada.
Recorde-se que a Atlantic Shipping Company foi fundada em 17 de Fevereiro de 1995, por um grupo de cabo-verdianos residentes nos Estados Unidos da América e em Cabo Verde, para responder à necessidade de uma carreira marítima “regular e fiável” entre os dois países.