Discurso de Ulisses Correia e Silva na ONU centrado no homem cabo-verdiano
O primeiro-ministro disse hoje que a única opção de um país como Cabo Verde é a valorização do homem, começando pelas crianças, jovens e mulheres.
O primeiro-ministro disse hoje que a única opção de um país como Cabo Verde é a valorização do homem, começando pelas crianças, jovens e mulheres.
Ulisses Correia e Silva fez essa afirmação quando discursava hoje pela primeira vez na 72ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Yorque, tendo reiterado, na ocasião, ao secretario geral, António Guterres, todo o apoio do Governo de Cabo Verde sobretudo no empreendimento das reformas anunciadas para reforçar a capacidade de entrega, a transparência e a responsabilidade dessa Organização.
No que respeita a declaração sobre a valorização do homem enquanto riqueza do arquipélago, Ulisses Correia e Silva disse que colocou estas considerações no seu discurso para concordar com o quanto adequado é “Centrar nas Pessoas”.
“As mulheres e os homens de qualquer país precisam de ambientes políticos, institucionais, sociais, económicos e educativos que libertem a sua energia criadora, a sua capacidade de inovação e de aprender, de trabalhar e de cooperar, de confiar e de se auto organizar”, frisou, sublinhando que isso só será possível em ambientes de paz e de segurança.
No seu discurso, Ulisses Correia e Silva destacou o facto de o Governo de Cabo Verde se preocupar com o actual contexto internacional, “onde não só persistem disputas antigas como proliferam novas crises políticas internas, conflitos armados, acções terroristas, crime organizado, bem como outras manifestações transnacionais de cariz ideológico”.
São males, segundo o primeiro-ministro, que comprometem a paz global, provocam sofrimentos humanos, ceifam vidas e causam outras tragédias humanitárias, como o aumento sem precedente do número de refugiados, fome e formas de violência contra as mulheres e crianças.
“Males que debilitam a construção do Estado de Direito, enfraquecem a democracia, ameaçam a integridade territorial dos Estados, corrompem as bases para o progresso económico e social e põem em perigo a coexistência tanto ao nível nacional como internacional”, contemplou.
Manifestou ainda o apoio do Governo de Cabo Verde à ONU numa Reforma do Conselho de Segurança, que possa refletir na sua composição alargada, a evolução do Mundo de hoje, integrando uma representação permanente da África.
No que se refere a adopção da Agenda 2030, Ulisses Correia e Silva disse que as Nações Unidas devem desempenhar um papel catalisador de consensos e mobilizador de recursos para fazer a diferença nas frentes da implementação, do financiamento e da capacitação.
“Neste sentido é de se enaltecer o exercício em curso pilotado pelo secretário geral, que visa adequar o sistema de desenvolvimento das Nações Unidas, assim como a reforma das estruturas de gestão do Secretariado aos desafios da implementação da Agenda 2030 e seus ODS”, indicou.
Recomendou ainda maior foco sobre a situação particular de Países de Rendimento Médio incluindo ao mesmo tempo os graduados e Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, como é o caso de Cabo Verde.
Para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, recomenda uma implementação acertada e célere do Acordo de Paris sobre as Mudanças Climáticas.
Afirmou, por outro lado, que para Cabo Verde, o Estado de direito e democrático não é apenas uma opção, mas acima de tudo uma necessidade para garantir uma governança objectiva, transparente e previsível, tanto ao nível nacional como internacional.
“A ordem interna de Cabo Verde encontra-se alinhada com as posições e práticas internacionais, em matéria de Direitos Humanos, através da Constituição da República, das leis, das instituições, das políticas públicas e da prática social”, afiançou.
Neste particular, recomendou a iniciativa do secretário geral em estabelecer um Pacto com os Estados Membros assim como em criar uma Cimeira de Dirigentes, visando combater a exploração e abusos sexuais em todas as operações de terreno das Nações Unidas e, sobretudo, no contexto da manutenção da paz e da ação humanitária.
Anunciou, também no seu discurso, que Cabo Verde depositou já os instrumentos de ratificação do Acordo de Paris (sobre mudanças climáticas) e procedeu à assinatura do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, concluído em Nova Iorque no dia 7 de Julho de 2017.
Manifestou o apoio do arquipélago para a convocação de uma Conferência Diplomática no decurso de 2018 para a conclusão de uma Convenção nesse âmbito, a qual deve salvaguardar a situação específica dos Pequenos Estados Insulares, assim como o apoio no reforço do Tribunal Penal Internacional.
Ulisses Correia e Silva disse ainda, que o arquipélago quer posicionar-se como uma plataforma de circulação no Atlântico Médio no turismo, nos transportes aéreos e operações portuárias, financeiras e de investimentos, na localização de empresas e desenvolvimento de negócios, na economia digital e na atracção de investimentos e competências da diáspora.
“Cabo Verde quer posicionar-se também como um interlocutor útil no concerto das nações para o diálogo, a paz e a tolerância. (…) Queremos valorizar e desenvolver estas valências de forma estratégica”, enfatizou.
Com Inforpress