DISCURSO PR DA CMB, ORLANDO BALLA, NA SESSÃO SOLENE DEDICADA À DELEGAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Sua Excia, Vice-Presidente da Assembleia Nacional, Júlio Correia
Sua Excia, Deputado Cândido Rodrigues
Sua Excia, Deputado Sidónio Monteiro
Sua Excia, Senador Viny de Macedo
Sua Excia, Senador Michael Rodrigues
Sua Excia, Senador Mark Montigny
Sua Excia, Deputado António Cabral
Exmo. Senhor Director da Bridgewater State University, João Rosa
Exma. Sra. Directora da Wellesley College, Vanessa Brito
Exmo. Senhor Jornalista, Frank Baptista
Senhores Representantes dos Serviços Desconcentrados do Estado
Senhores Rep. das organizações da sociedade civil e Confissões Religiosas
Caros Bravenses
Permitam-me saudar os nossos convidados, ilustres representantes do povo
americano aqui presentes e desejar-lhes uma boa estadia na ilha de Eugénio
Tavares e da “morabeza”, e particularmente em Nova Sintra – Património Nacional e primeira Capital Cabo-verdiana da Cultura.
Acreditem, que não é todos os dias, que se recebe tão ilustre delegação, composta por egrégios representantes de uma nação amiga da Brava e de Cabo Verde.
A presença desta importante delegação é um sinal claro da vossa amizade e sólida cooperação entre os nossos países e povos respectivos. Estou seguro que este momento ficará devidamente registado na história das nossas relações institucionais e de amizade, representando de igual modo, o reforço e aprofundamento do actual quadro de cooperação.
[size= 13.008px; line-height: 1.538em]Permitam-me em particular, saudar de forma calorosa, um filho da Brava, o Senador Viny de Macedo, uma boa referência da integração da nossa comunidade um e um exemplo para as novas gerações. É para mim uma honra, enquanto Presidente da Câmara, poder recebê-lo na nossa terra.[/size]
Sabemos bem do prestígio que tem junto das instituições americanas e da amizade que a nossa comunidade nutre por si. Auguro-lhe, pois, votos de sucessos no exercício de tão nobre função ao serviço dos americanos e da nossa comunidade residente na Nova Inglaterra.
A história das relações da Brava com os Estados Unidos da América remonta os finais do séc. XIX e início do séc. XX, com a pesca da baleia, primeiro enquanto marinheiros e tripulantes e mais tarde como armadores de “velhos” barcos baleeiros no transporte de trabalhadores sazonais e como mão-de-obra nos “Cranberry Bogs” de Cape Cod e arredores. Desde então, os nossos patrícios fixaram-se na região da Nova Inglaterra, constituindo-se hoje, na maior comunidade cabo-verdiana da diáspora, espalhada pelos quatro cantos do mundo (de Dakar à África do Sul, de Lisboa a Roterdão ou de Boston à Argentina).
Orgulhamo-nos desse percurso e de termos sido os pioneiros nesta aventura nas terras do Tio Sam.
Se hoje, podemos afirmar e reconhecer, que existe uma adequada integração da comunidade bravense na América, foi graças à abertura e espírito de tolerância dos americanos, numa terra de liberdade e de afirmação do indivíduo, independentemente da sua raça, religião ou proveniência social e geográfica. A América é, sem dúvida, um bom exemplo de acolhimento de comunidades estrangeiras e constitui-se num modelo para o resto do mundo, que enfrentará nos próximos tempos, cada vez mais, enormes desafios na gestão de fluxos migratórios, num contexto de ameaças permanentes à segurança global.
O diálogo civilizacional e a sã convivência entre todas as nações deve ser sempre o caminho a ser seguido, garantindo a necessária paz e estabilidade às diferentes regiões do globo.
Senhores Eleitos Municipais
Senhores Senadores
Caros Convidados
Caros Bravenses
Não nos iludamos. Este percurso e história das nossas relações não são só rosas.
Queremos que as nossas gentes se afirmem cada vez mais na sociedade americana, frequentando escolas de referência e trabalhando em instituições e
empresas de prestígio, tirando proveito das enormes oportunidades que só a
América proporciona. Uma deficiente integração carrega consigo sempre, problemas para as nossas sociedades, em que a problemática dos deportados é disso exemplo que nos afecta e interpela profundamente.
Sou daqueles que acredita que tudo tem solução. É nosso dever moral encontrar os melhores mecanismos para equacionar e resolver esta questão. Ignorar as suas causas e consequências pode por em causa muitos ganhos já conseguidos.
Não podemos cair na alienação total e resignarmos perante um problema com contornos psicossociológicos complexos, exigindo por consequência soluções eficazes, consistentes e duradouras.
Caros Senadores
A vossa presença nesta linda ilha das flores pode representar também um estímulo para o regresso dos nossos emigrantes, para gozo de férias ou para investir em vários projectos de desenvolvimento, sobretudo a nível do turismo histórico-cultural e da natureza de alto valor acrescentado, em que a Brava apresenta características únicas no nosso arquipélago. É necessário que a nossa diáspora confie mais nas potencialidades e no futuro da nossa terra que, paulatinamente, vai vencendo os desafios do crescimento económico, do combate à pobreza extrema e das desigualdades sociais e regionais.
Esta aproximação da nossa diáspora e de investidores norte-americanos exigirá seguramente, a criação de condições que são da nossa responsabilidade mas que poderão contar igualmente com o vosso engajamento político, como é o caso da resolução definitiva do Aeroporto da Brava, infraestrutura de capital importância para a ligação da ilha ao exterior e da sua afirmação enquanto destino turístico seguro e de qualidade, para não falar nos necessários investimentos nos sectores dos transportes marítimos, rede viária, saúde, educação, cultura, ordenamento do território, requalificação urbana, etc.
Tenho dito sempre, que precisamos deixar para trás o tempo das lamentações e acreditar num futuro de trabalho e de prosperidade para as nossas gentes, fixando a sua população e atraindo centenas ou mesmo milhares de turistas no futuro.
Temos de nos afirmar como um destino de referência no meio do atlântico, pela nossa história, cultura, “morabeza” e diferentes micro-climas existentes ao longo de todo o ano. A Brava é um diamante que precisa ser lapidado – a América, assim como foi importante na nossa aventura pelo mundo e na afirmação da identidade “crioula”, com contributo singular do poeta maior, Eugénio de Paula Tavares, pode, um século depois, voltar a desempenhar um papel de primeiro plano para a Brava e os bravenses, ajudando a mobilizar parcerias públicas e privadas para a nossa ilha, ainda ciosa dos imensos desafios que terá que enfrentar e vencer nas próximas décadas.
Um bem-haja à Brava!