Editorial: Quando será a vez da ilha Brava?
Por várias vezes, esperançados ficamos, desta será a vez da ilha Brava. Aconteceu em 1975, aquando da independência, foi na década de oitenta com as viagens trissemanais do Ferry Boat Furna, foi em 1991 com o advento da democracia, em 1992 com inauguração do aeroporto Francisco Feijoo Barbosa, em 1998 com a chegada do Praia D’ Aguada…. Em 2006 com a promessa dos helicópteros, em 2011 com a chegada do Kriola da CVFF, enfim…… continuamos esperando por nossa vez.
Por várias vezes, esperançados ficamos, desta será a vez da ilha Brava. Aconteceu em 1975, aquando da independência, foi na década de oitenta com as viagens trissemanais do Ferry Boat Furna, foi em 1991 com o advento da democracia, em 1992 com inauguração do aeroporto Francisco Feijoo Barbosa, em 1998 com a chegada do Praia D’ Aguada…. Em 2006 com a promessa dos helicópteros, em 2011 com a chegada do Kriola da CVFF, enfim…… continuamos esperando por nossa vez.
Com o clima seco de algumas ilhas, é impossível não lembrar de um lugar com clima ameno, gente “morabi”, paisagem extasiante: a nossa querida e abandonada ilha Brava, a menor ilha povoada de Cabo Verde.Por mais de quarenta anos, a ilha vem esperando e desesperando por sua chance, perdendo oportunidades, perdendo população e espalhando o desânimo e a descrença.
Uníssono é o coro do quanto a ilha é especial, encantando pela beleza das suas paisagens, pela calma do seu dia-a-dia, mas…..na outra face da moeda está a dificuldade em se chegar lá, o abandono pelo Poder Público e a falta de investimentos em infraestrutura sustentáveis e que beneficiam a população. Mas a ilha também sofre de problemas de abastecimento de água, de fornecimento de energia elétrica, tudo isso fruto de decisões sem a devida planificação.
A crise energética trouxe a baila um assunto até então encarado com timidez, indiferença e desconfiança, a energia alternativa, renovavel.
A crise da água, resultado da superexploração e falta de preocupação ambiental com os caudais, agrava ainda mais a situação da ilha. Má distribuição da água, desperdício e conflitos de uso são alguns dos problemas que tornam a escassez de água, não mais uma preocupação de ambientalistas e técnicos alarmistas, mas reconhecida até pelas autoridades políticas.
Já existe um projecto, para resolução destes dois problemas bicudos da ilha, que veio acrescentar mais um pilar, o transporte marítimo, com introdução de hidrogênio na composicao do projecto (fonte limpa). Mas, como em tudo na Brava, existe mas, o projecto está dois anos num vaivém entre a Direcção Geral da Energia, Electra, Ministério da Economia, sem que haja ainda uma decisão.
Espantou-nos esta semana esta noticia,
“Santo Antão: Brine Engineering Solution tem aval do Governo para avançar com investimentos de 42 milhões de euros”,
Mas….. ainda nada existe para o projecto da ilha Brava, no valor 5 vezes menos.
Os problemas da ilha não nasceram agora, já brotam há anos e um dos piores problemas é o descaso das autoridades, o desinteresse pelos reais problemas, acções de cosmética com obras que não atacam a raiz das questões e…. sempre, a tão calada e sofrida população, que ao longo dos anos aguenta tudo sem reclamar.
Só quem frequenta a ilha sabe como, atualmente, esta situação está calamitosa. O desânimo se mostra notório, a desmotivação é facto em cada indivíduo e o futuro em nada se desenha risonho.
É estarrecedor a demora na decisão e avalização do projecto que levará a ilha energia renovável, provocando a descida dos preços sobre este bem de consumo, agregando valores, aumentando a capacidade de fornecimento e protegendo o ambiente.
Até quando? Até quando a ilha continua sendo ignorada, deixada isolada, votada ao abandono e ….
O Estado não cumpre as suas obrigações perante a população da ilha e até os projectos privados que poderão minimizar ou resolver determinados problemas, são deixados nas gavetas, ficam sem decisão por longos tempos, sofrem manobras de delação ou até são vetados.
Ate quando?.......