Empresário Andy Andrade corrobora com Carlos Burgo e critica o descaso da CV Interilhas com a Ilha Brava e os desafios enfrentados pelos Bravenses
Cidade de Nova Sintra, 22 de Fevereiro de 2025 (Bravanews) – O empresário e emigrante Andy Andrade, fundador da CV Fast Ferry, uniu forças com o ex-Ministro e ex-Deputado Carlos Burgo para denunciar o descaso da CV Interilhas em relação à Ilha Brava. Ambos têm sido vozes ativas em apontar os prejuízos significativos que a falta de responsabilidade da operadora de transporte marítimo tem causado à comunidade bravense, e agora, suas declarações estão atraindo a atenção para a crise que já dura mais de uma década.
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De acordo com Andrade, que esteve à frente da CV Fast Ferry de 2011 a 2016/17, a situação atual da Ilha Brava é inaceitável. Ele relembra que durante os anos de sua gestão, os navios “Kriola” e “Liberdadi” saíam regularmente do Porto da Furna pela manhã e retornavam à noite, proporcionando um serviço confiável e estável à população. “Mesmo sem receber um tostão de subsídio do Governo durante esse período, o serviço era rentável e funcionava de forma eficaz. A Ilha Brava estava bem servida e as pessoas podiam confiar na pontualidade e segurança das viagens”, afirmou.
No entanto, a realidade de hoje é completamente diferente. Andrade fez questão de ressaltar o contraditório de uma situação onde, com um subsídio anual de 700 milhões de escudos (CVS) transferido à CV Interilhas, a operadora parece incapaz de fornecer um serviço regular. “Com todo esse subsídio, o que temos? O mar se tornou repentinamente ‘violento’, ou será que o barco se transformou num ‘barco de papel’ incapaz de enfrentar as ondas?”, questionou, com visível indignação. Para ele, a situação atual é incompreensível, especialmente considerando o investimento substancial feito no passado para garantir que os navios fossem adequados às condições do mar de Cabo Verde.
Andrade referiu-se a um importante investimento realizado na época de sua gestão: o teste de tanque, realizado no MARIN Institute na Holanda, que custou 500 mil euros. Esse investimento visava aumentar a capacidade do navio para enfrentar as condições mais desafiadoras do mar cabo-verdiano, com um “wet deck” que permitia que as embarcações se adaptassem às ondas mais agressivas. “E agora, o que estamos vendo? A CV Interilhas a alegar que os barcos não têm capacidade para viajar devido às condições do mar? Essa é uma loucura! Não faz sentido!”, exclamou.
Andrade destaca o impacto devastador que a falta de um serviço de transporte marítimo adequado tem gerado na Ilha Brava. Para o empresario, o isolamento da ilha é uma questão séria que afeta não só o desenvolvimento local, mas também a vida quotidiana da população. "Não podemos aceitar que a Ilha Brava seja tratada com descaso. Durante anos, os bravenses foram abandonados, e hoje, com mais recursos à disposição, vemos uma total falta de compromisso por parte da CV Interilhas", afirmou.
A crise de transporte não é uma questão recente, mas a crescente insatisfação de empresários e políticos como Andrade e Burgo reflete a frustração com a falta de ação e soluções reais. Ambos questionam a falta de responsabilidade e transparência na gestão da CV Interilhas, e criticam a postura da empresa que, com os recursos disponíveis, deveria ser capaz de garantir um transporte eficiente e seguro para a população das ilhas mais distantes, como Brava.
“Na minha modesta opinião, com esse comportamento da CV Interilhas, a empresa deveria fechar a porta e entregar a chave. Não há mais justificativas plausíveis para essa situação”, declarou Andrade, num apelo claro pela responsabilidade e mudanças reais no sector.