"Ernestina" Um barco histórico construído em 1893 e que simboliza a ligação entre os Estados Unidos e Cabo Verde.
"Ernestina" Um barco histórico construído em 1893 e que simboliza a ligação entre os Estados Unidos e Cabo Verde. O barco foi construído nos Invernos de 1893 e 1894, no Estado de Massachussets, a mando do capitão William E. Morrissey, que desembolsou 16 mil dólares pela escuna (embarcação de dois mastros com vela latina no da proa).
"Ernestina"
Um barco histórico construído em 1893 e que simboliza a ligação entre os Estados Unidos e Cabo Verde.
O barco foi construído nos Invernos de 1893 e 1894, no Estado de Massachussets, a mando do capitão William E. Morrissey, que desembolsou 16 mil dólares pela escuna (embarcação de dois mastros com vela latina no da proa).
Chamado "Effie M. Morrissey" (o nome da filha do capitão), foi lançado à água a 01 de Fevereiro de 1894 e foi durante anos barco de pesca. Em 1914 foi vendido a um armador do Canadá e ficou inactivo até 1924, quando foi preparado para barco de investigações no Ártico.
Durante mais de uma década o "Effie Morrissey" transportou investigadores, levando a bordo, por exemplo, Knud Rasmussen, famoso explorador holandês, especialista em esquimós.
Trabalhou para a National Geographic, transportou dois ursos polares que foram oferecidos ao jardim zoológico de Nova Iorque, e foi nele que especialistas estudaram a ilha de Baffin, maior do Canadá e quinta maior do Mundo e que não era explorada desde 1631.
Graças ao "Morrissey" encontraram-se vestígios vikings e dos primeiros esquimós. Foram os investigadores da escuna quem descobriram as múmias aleutas (Aleut Mummies), confirmando que os esquimós americanos e indianos tinham atravessado o estreito de Bering (entre os extremos do continente asiático e americano) vindos da Ásia.
Em 1935, de novo com pavilhão norte-americano, o "Effie Morrissey" foi escola para jovens nas expedições ao Ártico, chegou a latitudes que poucos antes tinham alcançado, e na II Guerra Mundial foi usado pela marinha dos Estados Unidos para apoio a estações meteorológicas, essenciais para preparar os "raides" aéreos na Europa.
Vítima de incêndio em 1947 em Nova Iorque, foi levado para o estado de Connecticut e vendido a Louisa Mendes, cujo padrasto, Henrique Mendes, o reparou para o usar no comércio com Cabo Verde, então colónia portuguesa.
Em 1948 o "Effie Morrissey" fez a primeira viagem para Cabo Verde, com 50 toneladas de comida e roupa e um passageiro. À chegada, Henrique Mendes registou-o nas ilhas e chamou-lhe "Ernestina", o nome da sua filha.
O agora "Ernestina" foi recebido em festa em cada porto do arquipélago. Durante anos transportou víveres, estudantes e trabalhadores entre as ilhas e levou pessoas para S. Tomé.
Em 1949 voltou aos Estados Unidos, numa das muitas viagens anuais até aquele país que faria depois, levando e trazendo pessoas e mercadorias.
Na primeira viagem levou apenas cinco passageiros homens, que as autoridades norte-americanas não deixaram sair do barco, embora autorizassem mulheres americanas a visitá-los, para, caso se interessassem, casar com eles. Não há registos de que algum tenha regressado a Cabo Verde.
Entre viagens aos Estados Unidos e comércio entre as ilhas, o "Ernestina" continuou a navegar até 1974, quando foi preterido por barcos mais rápidos. Perante o interesse das autoridades norte-americanas e dos imigrantes cabo-verdianos, o Governo de Cabo Verde comprou e ofereceu o "Ernestina" aos Estados Unidos.
Em 1976, depois de grandes reparações, a embarcação iniciava a sua última viagem mas uma avaria no motor e uma tempestade fizeram-no abortar a iniciativa. A escuna só regressaria à casa em 1982, para ficar como barco escola em Massachussets.
Desde 2004 atracado no porto de New Bedford, e apesar de ajudas de entidades privadas, o "Ernestina" corre o risco de acabar ingloriamente mais de um século de pesca, investigação, comércio e ligação entre povos.